Êh! Inaê, Quem te magoou, Inaê? Vou pedir malembe a Xangô. Ago-iê! Inaê se apaixonou Pelos olhos de Opelé Que só desengano deixou Remando contra a maré. Ayacô, deusa da noite, Quem roubou o seu amor, Ferindo mais que um açoite, Bulindo mais que uma dor. Êh! Inaê, Quem te magoou, Inaê? Vou pedir malembe a Xangô. Ago-iê! Opelé, negro corisco, Mensageiro de Ifá, Deu seu braço, fez um risco; Ayacô se fez luar. Mas no rosto de Nanã Reside um resto de fé. Pegou o seu talismã E chamou Oxumaré. Êh! Inaê, Quem te magoou, Inaê? Vou pedir malembe a Xangô. Ago-iê! Oxumaré que sabia De Inaê bebe a dor, O céu até parecia Pintado a lápis de cor. No riso claro do dia, Na mansidão da manhã, A vida pra sempre sorria No olhar de amor de Nanã.