Apeei junto às barrancas
Bombeando as águas do rio
Entre Uruguai e Brasil
Meu rio
Ainda está a velha estância
E os campos que foram meus
Só quem se foi na distância
No fundo, foi mesmo eu
Percorro léguas de tempo
Beirando o Passo da Armada
Ali na volta da estrada
Bem antes do Sarandi
Onde um carreiro de ovelhas
No rumo sul da picada
Em sua terra ainda guarda
Os meus rastros de guri
É o mesmo rio de fronteira
Com seus remansos e aguadas
Com coronilhas ladeadas
Pela passagem das tropas
Em madrugadas sem fim
É o mesmo rio que em seu leito
Sabe a razão porque eu vim
E não entende, por certo
Como se fez um deserto
Do rio que eu já tive em mim
É o mesmo rio de fronteira
Que hoje, ao me ver aqui
Não vê, talvez por eterno
Que em tantas secas de inverno
Meu parceiro, envelheci
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