Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar Gavião da minha foice Não pega pinto Também a mão de pilão Não joga peteca O cabo da minha enxada Não tem divisa As meninas dos meus olhos Não tem boneca A bala do meu revólver Não tem açúcar No cano da carabina Não vai torneira A porca do parafuso Nunca deu cria Na casa do João de Barro Não tem goteira Jacaré carrega serra mas nunca foi carpinteiro O bode também tem barba e não precisa ir ao barbeiro Galo também tem espora mas nunca foi cavaleiro Sabiá canta bonito mas não pode ser violeiro Vigário faz casamento mas vive todo solteiro O cravo da ferradura Não vai no doce A Serra da Mantiqueira Nunca serrou A pata do meu cavalo Não bota ovo Eu não vou comer o pão Que o diabo amassou Os quatro reis do baralho Não tem castelo Também o quatro de paus Não é de madeira Por onde o navio passa Não tem asfalto Caminho que vai na lua Não tem poeira Cachaça não da rasteira E derruba a gente A língua da fechadura Não faz fofoca Prá fazer este pagode Não foi brinquedo Eu me virei no avesso E não sou pipoca Se me vê com mulher feia pode crer que eu to doente Se me vê de carro velho socorre que é acidente Se me vê comendo fruto eu já plantei a semente Se me vê contendo história quem conta a história não mente Quem me de cara feia é que só tem cerveja quente Nada no mundo me assusta sou um caboclo folgado Gosto de ganhar dinheiro só pra ver o tutu guardado Dou esmola todo dia pra descontar meus pecados Dou rasteira em serpente e coleciono burro bravo Compro o rei do café e dou de troco o rei do gado Numa rodada de truco o zap só sai comigo Sete copa me dá tento na corrida do inimigo Num jogo de futebol ninguém pode me marcar Eu bato o escanteio e corro pra cabecear E a galera grita gol vendo a rede balançar Me transformo num menino quando me prega a paixão Misturo meu sentimento com viola e canção Quando quero um amor até me arrasto pelo chão Não sou desobediente quando manda o coração Na escola do desejo sou doutor sou campeão Enxugue o rosto meu amor não chore não Rosto molhado pra você não fica bem Seu novo amor lhe maltrata o coração Teu sofrimento só me faz sofrer também Faça de conta que teu pranto derramado São gotas d'agua do oceano da ilusão Todas caídas do azul de vossos olhos Vindas do triste temporal do coração Eu quero ser o sol da tarde pra enxugar Teu lindo rosto no verão do meu calor Com os meus beijos beberei todo o teu pranto Para matar a minha sede de amor Enxugue o rosto meu amor não chore não Rosto molhado pra você não fica bem Seu novo amor lhe maltrata o coração Teu sofrimento só me faz sofrer também