Caminha em frente e protege o rosto Do vento que cega e trás memórias com gosto de câncer e lágrimas... Quem me dera pudesse ele me levar Pra longe agora que nada existe aqui Além da doença faminta no ar... A grande união se desfez, Mas não me deixe outra vez Queimar acreditando Que nada iria ferir estes Olhos cansados de sangrar Por todas vezes que espadas E milagres Tornaram meu vinho em veneno pra ratos. "Ícaro segue rumo ao Sol, Mas não pode confiar em suas asas"... Enquanto nos porões destas fábricas Nosso suor move as máquinas, A fumaça cinza apaga o sol... E então saímos pra recolher Os restos por baixo da fuligem. Por favor não me deixa Ver que trocamos nosso sangue Por migalhas e que não há mais abrigo Pra se proteger agora Que a noite não tem fim. Segura forte minhas mãos e diz Que amanhã vamos acordar E nosso leito não vai estar Tão sujo e frio... A grande união se desfez, Mas não me deixe outra vez Queimar acreditando Que nada iria ferir estes Olhos cansados de sangrar Por todas vezes que espadas E milagres Tornaram meu vinho em veneno pra ratos.