Sentindo o peso da cruel idade Velho marujo sempre vai ao cais Olhando as águas ele tem vontade de navegar Mas já não pode mais Em pensamento volta ao seu passado E traz imagem que a lembrança traz Sentindo o gosto amargo da saudade De sua luta contra a tempestade E a calmaria devolvendo a paz Velho marujo escravo do passado Eu compartilho aos sentimentos seus Meu coração também foi aportado E só vagueia no cais do adeus No mar bravio ele enfrentou perigo E muitas vezes viu de perto a morte Valeu a ajuda de fiéis amigos Sua coragem e até mesmo a sorte Porém o tempo cruel inimigo Na aportagem se mostrou mais forte E despojado do vigor antigo Só a saudade hoje traz consigo Num barco triste à deriva e sem norte Igual a ele eu também um dia cruzei Os verdes mares da ilusão Mas quase morto na melancolia Me ancorei no porto solidão