Recostado no pilar marmorizado Da "pratibanda" de uma loja fina Arranca notas de uma gaita velha Pra uma saudade que dobrou a esquina Cego não enxerga os que lhe enxergam Sem enxergar a dor deste gaiteiro Que entre a visão e os sonhos que ele tinha Já não se lembra quem morreu primeiro Somos iguais na dor dos cantadores A minha sorte é que mudou-me a sina Teu canto é pobre e não te eleva os versos Que nem aos pobres o teu verso contamina E os que te são indiferentes a mim escutam Porque iluminam mais a minha esquina Não sabem os que passam, nem tu sabes Que a gaita velha e o chapéu vazio Estampam numa esquina da cidade A imagem musical do pobrerio