Finados, silêncio, paz, flores murchando ao relento O tilintar das coroas, ao leve roçar do vento No cemitério se nota, doce paz de esquecimento Aqui, uma cruz pequena, onde se lê: "Margarida" Junto a cruz uma mulher, toda de luto vestida É uma pobre mãe que chora sua filhinha querida. Ali, num túmulo se 1ê, um verso, onde diz: "saudade de seus filhos, de seus netos, mãe de infinita bondade que aqui pra sempre repousa o sono da eternidade". Mais adiante uma moça, com triste expressão de dor Sobre um túmulo de mármore, deposita uma flor Para seu noivo que foi, seu grande e único amor. Mais adiante alguém procura, num túmulo abandonado O nome de algum parente, com o tempo quase apagado Só na data se percebe, que há tempos foi sepultado. Vi uma cruz abandonada, sem uma flor, sem ninguém Quem será que dorme ali? - Talvez deva ser alguém que do mundo onde partiu, parente ou amigo não tem. Tudo é expressão de saudade, entre soluços e ais São pais que choram seus filhos, filhos que choram seus pais Amigos que já se foram, parentes que não vem mais. Velas queimando ao sol, túmulos esfumaçados Cheiro de flores murchando, tudo lembrando o passado Assim eu vi um cemitério, numa tarde de finados. Depois a noite caiu, todos foram se afastando Voltou a paz sobre a campa, e ali só ficou morando Os curiangos da noite, a piar de quando em quando. Deixe que eles durmam em paz, o sono da eternidade Longe da guerra e do ódio, do orgulho e da falsidade E tenham pra seu descanso, silêncio, paz e saudade.