Falado: Seu moço eu lhe peço agora três minutos de atenção Pra contar a triste história que enlutou meu coração Aquelas duas cruzes de ferro pretas como o carvão Fui eu que fiz e finquei lá no fundo do grotão E onde sempre moço faço a minha oração. Cantado: Eu viajava a cavalo lá na serra do pinhão Caia uma tempestade, roncava feio o trovão Depois que a chuva parou passou por mim um caminhão O chofer que me saudou era meu filho João. Meu filho descia a serra, tava molhado o estradão Nessa hora outro gigante subia cortando o chão Meu filho deu uma brecada, derrapou foi contra mão E os gigantes se chocaram num medonho barulhão. Ao ouvir aquela estrondo dei um grito de aflição Os dois gigantes rolaram lá no fundo do grotão Nunca mais hei de esquecer aquela triste visão Dois corpos carbonizados lá na cinza da explosão Das ferragens dos gigantes eu tirei a direção E fiz estas duas cruzes que é o símbolo dos cristãos Numa cruz ta enterrado o meu pobre filho João Na outra meu filho Juca, chofer do outro caminhão.