Deixo minhas vidas passadas dispensando reencarnação. Renascemos um para o outro creiam os outros ou não. O passado, semente que não brotou. Embrião que abortei na clínica clandestina do destino que forjei. Enquanto aguarda a sua, eu mesmo faço a minha vez. Se porventura aguardo, ao mesmo tempo em meu ventre engendro e guardo mais outras três. Da escravidão à lúdica lucidez um longo caminho se fez. Da escuridão à nítida nudez. Olhos que de novo vêem tudo pela primeira vez. Deixo minhas vidas passadas dispensando reencarnação. Renascidos um para o outro, Nossa eternidade dure ou não. Pois o tempo é só um mito no qual só acredito na medida em que me ajuda, estende-me a mão. Acredito no que invento. E também no vento que aventa mudanças e de quebra me ensina uma dança que já nasce tradição. Se me curvo em retrocesso e dou três passos para trás, pego impulso, me arremesso: triplo mortal pro presente. E ainda digo entredentes: __ Não serei morto nunca mais.