Esse meu corpo que vocês veem perambulando É minha sombra que hoje vale menos que nada Vivo por fora, morto por dentro, sou um retalho Que após usados jogaram fora junto à uma estrada Aquela ingrata usou meu corpo o quanto pôde O meu dinheiro, minha saúde, e a mocidade Quando o cansaço gelou minha vida abandonou-me Sem perguntar se eu viveria só de saudade Morto por dentro, vivo por fora Uma fumaça que eu sou agora Pois quem me vê, hoje ignora O homem forte que eu fui outrora Trabalhei tanto para o sustento desse teu luxo Fui me cansando e ela jovem sempre mais bela Não pude mais acompanhá-la em seus passeios E fiquei sendo um grande estorvo na vida dela Não me apedrejem quando me verem pela sarjeta Nem me ofereçam uma cachaça num bar imundo Por causa dela que destruiu tudo que eu tinha Eu sou agora um grão de areia, menor do mundo Morto por dentro, vivo por fora Uma fumaça que eu sou agora Pois quem me vê, hoje ignora O homem forte que eu fui outrora Morto por dentro, vivo por fora Uma fumaça que eu sou agora Pois quem me vê, hoje ignora O homem forte que eu fui outrora