Quando a saudade me chama eu fico triste Quando o fado reclama a minha dor Exponho a minha alma na voz que não resiste Em ficar triste, em ficar triste Quando as palavras entoam esta tristeza Que o português traz do berço, por herança A minha alma antes livre, fica presa A esta tristeza, a esta tristeza Fado porque teimas, velho fado Nesse tom amargurado Que entristece quem o sente Fado quem te deu a nostalgia E a recusa em querer o dia Pra cantar a tua gente Fado não há voz que te não cante A desdita do amante Que pela dor se fez fadista Fado das noitadas, dos gemidos Dos trinados destemidos Entre as mãos dum guitarrista Quando a guitarra me pede, eu dou a voz Quando a viola balança no meu compasso Eu fecho os olhos e voo dentro de vós Na minha voz, na minha voz Quando a guitarra suspensa no meu cantar Procura a frese devida num desafio Há um segredo ancestral que vem do mar No meu cantar, no meu cantar