Eu Vou Prá Lua Eu vou morar lá Sair no meu Sputnik Do Campo do Jiquiá Já estou enjoado aqui da terra Onde o povo a pulso faz regime A indústria, roubo, a fome, o crime Onde os preços aumentam todo dia O progresso daqui a carestia Não adianta mais se fazer crítica Ninguém acredita na política Onde o povo só vive em agonia Na lua não tem Nome abreviado IPSEP, IPM Nem COFAP Nem IPASSE Nem TIPE Nem COHAB Nem contrabando De mercadoria Lá não falta água Não falta energia Não falta hospital Não falta escola É fuzilado lá Quem come bola E morre na rua Quem faz anarquia Lá não tem juventude transviada Os rapazes de lá não têm malícia Quando há casamento na polícia A moça é quem é sentenciada Porventura se a mulher for casada E enganar o marido a coisa é feia Ela pega dez anos de cadeia E o conquistador não sofre nada