"Legal... me amarro nesse som, tá sabendo? O medo, a angústia, o sufoco, a neurose, a poluição Os juros, o fim... nada de novo. A gente de novo só tem os sete pecados industriais. Diga Paulinho, diga... Eu vou contigo Paulinho, diga" Urubu tá com raiva do boi E eu já sei que ele tem razão É que o urubu tá querendo comer Mais o boi não quer morrer Não tem alimentação Urubu tá com raiva do boi E eu já sei que ele tem razão É que o urubu tá querendo comer Mais o boi não quer morrer Não tem alimentação O mosquito é engolido pelo sapo O sapo a cobra lhe devora Mas o urubu não pode devorar o boi: Todo dia chora, todo dia chora. Mas o urubu não pode devorar o boi: Todo dia chora, todo dia chora. "O norte, a morte, a falta de sorte... Eu tô vivo, tá sabendo? Vivo sem norte, vivo sem sorte, eu vivo... Eu vivo, Paulinho. Aí a gente encontra um cabra na rua e pergunta: 'Tudo bem?' E ele diz pá gente: 'Tudo bem!' Não é um barato, Paulinho? É um barato..." Urubu tá com raiva do boi E eu já sei que ele tem razão É que o urubu tá querendo comer Mais o boi não quer morrer Não tem alimentação Urubu tá com raiva do boi E eu já sei que ele tem razão É que o urubu tá querendo comer Mais o boi não quer morrer Não tem alimentação Gavião quer engolir a socó Socó pega o peixe e dá o fora Mas o urubu não pode devorar o boi Todo dia chora, todo dia chora Mas o urubu não pode devorar o boi Todo dia chora, todo dia chora "Nada a dizer... nada... ou quase nada... O que tem é a fazer: tudo... ou quase tudo... O homem, a obra divina... Na rua, a obra do homem... Cheiro de gás, o asfalto fervendo, o suor batendo O suor batendo (4 x) "