Sujam as mãos na constituição com a tinta fresca Discutem toda a situação numa mansão burlesca Gastam recursos a dar discursos e emprego verbal Dizem que é normal Ter um mar sem sal Projectam-se no céu e dizem-nos que foi milagre Vão tentando adoçar-nos a boca com vinagre E o tempo é passatempo de antena sem sinal A crise é viral Dizem que é normal Que o dia de amanhã já nasça hipotecado Por isso tem cuidado A ratoeira espera-te no fim O produto interno é bruto mas a mim não chega nada Só me enchem os ouvidos com estatística burlada Quando o estado do país se vê no móvel às moscas Lâmpadas já foscas Porcas já sem roscas E eu confio o futuro a um ou outro desconhecido Que só diz o que seria se fosse o que tinha sido E o dia cai com a minha bolsa em fraca cotação Sou empresa sem acção Ou cláusula de rescisão E o dia de amanhã já nasce hipotecado Por isso tem cuidado A ratoeira espera-te no fim