Tocar música clássica no violão é uma das abordagens que mais levanta conversas sobre a complexidade da técnica, a tradição do repertório e a disciplina musical, com obras que exigem técnica e interpretação cuidadosa.

Ainda que muitos desses pontos sejam verdade, outros são mais mitos e preconceitos que ignoram o violão clássico é mais uma abordagem entre tantas outras de tocar música no violão.

Por isso, falar sobre como tocar música clássica no violão, dar dicas para dar os primeiros passos nesse estilo e entender algumas características do violão clássico. Alongue os dedos e venha com a gente!

Aprenda como tocar música clássica no violão

Tocar violão clássico e violão popular tem algumas semelhanças, mas também várias diferenças de técnica e abordagem na performance.

Além disso, é um convite para explorar um repertório de quase 500 anos de história.

A seguir falaremos quais são essas habilidades, mas antes vamos entender primeiro alguns princípios gerais que guiam essa forma de tocar violão.

O que define o violão clássico?

O que chamamos de violão clássico pode ser entendido por dois aspectos complementares: repertório e como abordá-lo.

Absorvendo vários períodos e estilos, o repertório do violão clássico “herda” músicas de seus antecessores, como o alaúde.

Mas, também, incorpora alguns repertórios das músicas populares de diversos países, além do repertório ocidental escrito para o violão clássico.

Como o próprio nome diz, o violão clássico está inserido na tradição da música clássica, ou música de concerto.

Isso quer dizer que há a busca por um som mais “cristalino” e uma técnica limpa, tentando dar uma abordagem adequada ao contexto histórico e estilístico de cada música.

No Brasil, a divisão entre violão clássico e violão popular é bastante comum, ainda que o diálogo seja constante desde o início do século XX.

As músicas de compositores como João Pernambuco, Canhoto, Garoto e Dilermando Reis são igualmente tocadas por violonistas populares e clássicos, centrais nos dois repertórios.

Técnicas para tocar música clássica no violão

Alguns dos fundamentos para tocar violão são comuns a todos os gêneros musicais.

O violão clássico tem alguns pontos em comum com outras formas de música instrumental, como o fingerstyle, além de particularidades próprias.

Por exemplo, realizar melodia e acompanhamento ao mesmo tempo, e utilizar os dedos para tocar.

Só que é importante lembrar que, tradicionalmente, o violão clássico utiliza cordas de nylon, ao contrário do fingerstyle que costuma utilizar cordas de aço.

1. Arpejos e acordes

No violão clássico, a técnica de mão direita conhecida como dedilhado é chamada simplesmente de arpejo, no sentido de tocar “à maneira de uma harpa”.

Ela consiste em utilizar os dedos da mão direita em diferentes cordas de forma independente.

Uma ferramenta importante é o toque preparado. Nele, você deve posicionar o dedo na corda que será tocada antes da hora, já deixando o dedo pronto. Essa técnica auxilia na velocidade e controle.

O estudo de blocos de acorde, em uma textura coral, também é importante. O objetivo é saber destacar as diferentes notas de um acorde de forma independente.

2. Escalas

Ainda que exista espaço para improvisação em algumas músicas do repertório de violão clássico, o estudo de escalas musicais tem outros objetivos.

O primeiro é o conhecimento do braço do violão, sabendo as notas ao longo de toda a extensão dele.

O mais importante é o desenvolvimento da sincronia entre dedos da mão direita e esquerda, e desenvolvimento de resistência e velocidade.

Uma distinção aqui é entre o toque com apoio e sem apoio (apoyando e tirando, em espanhol). Muito usado no violão flamenco, consiste em apoiar o dedo da mão direita que acabou de tocar na corda imediatamente paralela.

Este toque produz um som mais encorpado e serve como um treino de velocidade (como alguém que corre com pesos nas pernas).

É importante saber transitar entre os dois tipos de toques de forma natural, mantendo a qualidade sonora.

3. Qualidade do som

Além do uso de cordas de nylon, o violão clássico utiliza as unhas da mão direita para pinçar as cordas.

É importante você saber cuidar do formato das unhas para que elas não atrapalhem sua técnica e não se desgastem, criando um som áspero.

O uso de diferentes tipos de lixas, desde lixas comuns até as conhecidas lixas d’água, é recorrente.

Com elas, se busca minimizar o ruído das unhas nos bordões, além de um tamanho que proporcione agilidade e segurança no toque.

4. Leitura de partitura

Talvez a principal diferença do violão clássico para os demais estilos é que desde cedo a leitura de partitura é introduzida e indispensável.

Há várias formas de desenvolver essa habilidade. Mas a melhor é combinar alguns exercícios de leitura com o estudo de músicas de violão e outros instrumentos.

Repertório para quem quer aprender música clássica no violão

Após entender as principais técnicas para tocar música clássica no violão, o próximo passo é selecionar um repertório que permita o desenvolvimento gradativo.

Abaixo, apresentamos algumas sugestões de métodos e obras que são amplamente recomendados para iniciantes.

Métodos de violão clássico

Existem vários métodos de violão clássico para estudar. No Brasil, os livros Iniciação ao Violão, de Henrique Pinto, e Minhas Primeiras Notas ao Violão, de Othon Rocha Filho, ainda são os mais populares.

Ambos oferecem explicações e exercícios abordando os fundamentos das técnicas do violão clássico, com seleções de peças progressivas de diversos compositores para que o estudante construa seu repertório.

Além dos dois volumes de Iniciação ao Violão, Henrique Pinto também publicou diversos materiais de apoio para estudantes.

Outro método muito conhecido é Serie Didactica para Guitarra, do uruguaio Abel Carlevaro.

São quatro volumes de conceitos e exercícios técnicos com várias indicações. Ele também compôs uma série de estudos e músicas aplicando esses ensinamentos.

Repertório de peças clássicas para violão

Os métodos indicados são um ótimo ponto de partida e, uma vez estudados, é hora de expandir o repertório.

O mais comum é seguir para conjuntos de “estudos”, pequenas músicas que desenvolvem a técnica ao propor situações musicais desafiadoras.

Alguns exemplos são os Estudios Sencillos, do cubano Leo Brouwer, os estudos clássicos de Fernando Sor, editados por Andrés Segóvia, e os Estudos op. 60, de Matteo Carcassi.

O repertório brasileiro também tem algumas peças como a Suíte Popular Brasileira, de Heitor Villa-Lobos, e as Lúdicas, de César Guerra-Peixe, que são acessíveis e fundamentais para quem está começando.

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Para quem deseja se aprofundar no violão clássico, a prática constante e o uso de métodos tradicionais ajudam você a se desenvolver.

Mas uma boa orientação também é fundamental. Por isso, confira o curso de violão do Cifra Club Academy e comece a aprender violão agora mesmo!