10 conhecimentos necessários para tirar música de ouvido
Quer começar a tocar sem precisar ler cifras, partituras ou tablaturas? Confira os assuntos musicais mais importantes para você dominar essa habilidade!
Desenvolver o ouvido musical é uma jornada desafiadora, porém recompensadora, para qualquer músico em formação. A capacidade de ouvir uma melodia ou um acorde e reproduzi-lo fielmente em um instrumento, sem recorrer a cifras ou partituras, requer uma combinação de habilidades técnicas e auditivas. E é por isso que hoje vamos te contar os principais conhecimentos necessários para tirar música de ouvido!
Neste processo, entender conceitos de teoria musical, como intervalos, escalas, harmonia e modulação, é algo muito benéfico. Além disso, a capacidade de acompanhar o ritmo e identificar instrumentos também é importante.
Vamos lá desvendar os conhecimentos necessários para tirar músicas de ouvido e aprimorar seu ouvido musical?
O que é preciso para tirar música de ouvido?
Conhecimentos musicais práticos e teóricos se complementam quando o assunto é tirar música de ouvido. A seguir, confira alguns pontos fundamentais para esse tipo de prática musical:
Identificação de diferentes alturas de sons (graves e agudos)
A habilidade de identificar a altura do som, diferenciando notas graves das agudas, é crucial. Essa percepção é alicerce para a reprodução precisa das notas ao tocar ou cantar uma música sem a partitura ou cifra.
Um bom exercício, para iniciar, é comparar a altura de diferentes sons que ocorrem no ambiente. Um segundo passo é começar a cantar melodias e se perguntar se a nota seguinte é mais grave ou mais aguda e checar no seu instrumento.
Reconhecimento do timbre do instrumento que você toca
Claro, se queremos aprender a tirar música de ouvido no instrumento que tocamos (seja ele qual for), temos que ser capazes de identificar a presença (ou ausência) desse instrumento em qualquer música. A dica aqui é simples: ouça muita música que contém o seu instrumento.
Existem recursos e fatores na produção musical que podem proporcionar uma variedade de timbres para um mesmo instrumento, tais como o uso de efeitos, a qualidade da gravação e o tipo de instrumento (há diferentes tipos de violão, por exemplo).
Dessa forma, é importante desenvolver a habilidade de reconhecer o timbre do instrumento mesmo diante de variações.
E, claro, busque sempre tocar ou ouvir o som desses instrumentos ao vivo também.
Capacidade de acompanhar o ritmo e transpor a levada para o instrumento
Outro fundamento importante é a capacidade de reproduzir os ritmos de levadas no seu instrumento. Comece devagar, focando em manter o tempo com batidas simples.
Pratique com metrônomo, para desenvolver consistência, e tente transpor ritmos básicos para seu instrumento, gradualmente avançando para padrões mais complexos, à medida que ganha confiança.
Além disso, se a música que você está tirando não inclui o seu instrumento, é muito valioso desenvolver a habilidade de elaborar uma versão a partir do arranjo original.
Para isso, ouça os outros instrumentos acompanhadores (piano, violão, baixo, bateria etc.) para que você compreenda os ritmos resultantes dessas combinações e, assim, possa transpô-los para seu instrumento.
Assuntos para aprofundar a percepção musical
Abaixo, listamos alguns assuntos de teoria musical que você pode se aprofundar para aprender a tocar de ouvido:
Intervalos
Conhecer os diferentes intervalos musicais é de imenso valor, mas não se trata apenas de saber identificá-los e nomeá-los na teoria, e sim de se familiarizar com o som desses intervalos de diferentes formas: diferentes direções melódicas (ascendentes e descendentes) e intervalos harmônicos (simultâneos). Você pode fazer isso cantando ou tocando no seu instrumento.
Escalas
Aprender e compreender a formação de escalas musicais é outro conhecimento que vai te auxiliar na hora de desenvolver a percepção musical.
Assim como com os intervalos, o importante aqui é introjetar a sonoridade das diferentes escalas, seja cantando ou ouvindo. Inicie com as escalas “básicas” (maior e menor). Cante iniciando de diferentes pontos da escala e repare nas notas que diferem entre elas.
Campo harmônico
O campo harmônico é quase um desenvolvimento natural das escalas. Afinal de contas, se trata dos acordes construídos com as notas pertencentes a uma determinada escala.
Neste caso, você pode cantar os arpejos dos diferentes acordes (sempre construídos com intervalos de terças sobrepostas). Lembre-se de cantar esses acordes em diferentes direções, buscando fixar a sonoridade de cada um deles.
Harmonia
Este tópico pode parecer redundante com o anterior. Entretanto, aqui tratamos a harmonia como a capacidade de reconhecer as progressões harmônicas, as cadências de acordes e as diferentes funções de cada um deles. Aqui cabe ressaltar a dinâmica de tensão e resolução que os acordes mantêm entre si.
Mais uma vez, busque reconhecer essas funções e as sensações que os movimentos harmônicos transmitem, não apenas a construção desses encadeamentos na teoria.
Modulação
A modulação é, talvez, onde a teoria e a percepção mais se distanciam. A habilidade de perceber modulações permite que você identifique quando tonalidades mudaram e, portanto, quando o “jogo” da harmonia teve uma mudança de centro tonal essencial para compreender e reproduzir músicas de ouvido.
Ritmos e subdivisão
Dominar os diferentes conceitos rítmicos e reconhecer os elementos rítmicos gerados pela subdivisão do pulso é fundamental para captar nuances rítmicas das músicas.
Essas habilidades permitem discernir padrões e encaixá-los corretamente no tempo da música, facilitando a reprodução precisa das batidas e estruturas rítmicas ao aprender músicas de ouvido.
Além disso, permite identificar quando o ritmo harmônico possui irregularidades ou mudanças.
Timbres
Reconhecer timbres de instrumentos é uma habilidade que, muitas vezes, é um pouco negligenciada. Compreender as características sonoras de diferentes instrumentos facilita a replicação dos arranjos e das texturas musicais, enriquecendo a interpretação pessoal.
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Marco Teruel
Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.