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Dia Nacional do Frevo: expressão musical, poética e popular

O som frenético, as cores das sombrinhas, a vibração das pessoas: esse é o frevo! Um dos símbolos culturais mais valiosos, principalmente, para o estado de Pernambuco, é também um patrimônio para o Brasil inteiro! E algo tão importante assim precisa de uma data comemorativa, por isso que em 14 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Frevo!

Os passistas são personagens importantes para a celebração do Dia do Frevo
(Foto/Passarinho/Prefeitura de Olinda)

Nos últimos tempos, infelizmente, as multidões e serpentinas deram espaço às ruas vazias, em razão das medidas de isolamento que impedem as aglomerações. Apesar de ainda não ser hora de trazer de volta o fervor das massas, não se pode deixar o dia passar em branco! Então é hora de conhecer mais sobre essa manifestação cultural secular! Vamos nessa? 

Uma história de revolução popular

Para falar da origem, temos que voltar no tempo (e bota tempo nisso), lá no final do XIX e início do XX. Nessa época, o Brasil vivia uma série de mudanças importantes, como a industrialização do país, desenvolvimento da classe trabalhadora e, principalmente, era um momento pós-escravidão. Ou seja, era um período conflituoso.

Então, era comum ocorrer desfiles militares, nos quais ritmos populares se misturavam ao evento. Assim, aconteciam manifestos, pois era o momento para as pessoas, principalmente, de classes mais baixas se unirem socialmente.

Além disso, rolavam confusões entre os blocos, capoeiristas seguiam na frente do seu respectivo grupo para causar intimidação aos demais. Então, o Frevo como conhecemos hoje é uma mistura de vários elementos: folclore, ritmos populares diversos e ainda a capoeira. Legal né?

Por que foi dado o nome “frevo”?

Você já parou para pensar de onde veio esse nome? Pois, saiba que ele tem tudo a ver com esse ritmo que levanta multidões. O jornalista Osvaldo da Silva Almeida foi quem teve a inspiração ao observar os passos frenéticos dos foliões. Era como se os pés estivessem sob um chão “fervente”, devido às acrobacias feitas. Daí a associação: ferver – frevo. 

Inclusive, o Dia Nacional do Frevo é comemorado em 14 de setembro em homenagem ao criador do nome, que nasceu nesse dia. 

Qual a simbologia por trás das sombrinhas?

E só pensar em frevo que nos lembramos logo das sombrinhas, certo? Coloridas, estampadas, estilizadas… não importa o modelo, a grande certeza é que elas têm que estar nas mãos dos foliões! Mas por quê?

Passistas de Frevo reunidos em Olinda
Passistas de Frevo sob o céu de brigadeiro de Pernambuco (Foto/Passarinho/Prefeitura de Olinda)

Continuando na nossa viagem no tempo, os guarda-chuvas eram bastantes usados na época para proteger as pessoas do sol escaldante. E, quando a orquestra de frevo desfilava pela rua, não tinha quem ficasse parado, então, a saída era seguir em festa com guarda-chuva e tudo. Assim, o objeto, que fazia parte até das danças, com o tempo foi diminuindo de tamanho e ganhando mais cores até chegar na forma atual.

Tipos de frevo e características musicais

O povo brasileiro tem criatividade para dar e vender e, obviamente, criou outras vertentes do ritmo frenético e pernambucano. Nada mais justo do que conhecer mais sobre eles neste Dia Nacional do Frevo!

Frevo de rua 

Esse é bem fácil de identificar, afinal, o frevo de rua é puramente instrumental. Em outras palavras, não conta com letra em suas músicas, pois, o som dos instrumentos é suficiente para animar os foliões e suas danças acrobáticas.

Esse foi o primeiro estilo do frevo e é o mais agitado de todos. Além disso, curtir essa modalidade é apreciar também um espetáculo à parte: o desfile das orquestras, com instrumentos, como trombones, tubas, clarinetes, saxofones, etc. 

Passistas de frevo dançando nas ruas de Pernambuco
O frevo de rua também faz parte da tradição (Foto/Passarinho/Prefeitura de Olinda)

Um exemplo de bom frevo de rua é a música Vassourinhas, um grande clássico que é simplesmente o hino do carnaval em Olinda. Quando toca, absolutamente ninguém fica parado e duvido você não conhecer. Confira só a versão da Spok Frevo Orquestra:

Frevo-canção

Essa vertente do frevo teve bastante influência na popularização das marchinhas do carnaval carioca. Então, para não perder espaço no período carnavalesco, os compositores fizeram uma adaptação no frevo dito tradicional. Assim, agora, junto à orquestra, há também um intérprete. 

Esse tipo de frevo é mais contemporâneo, então as letras seguem o contexto atual. Temos grandes representantes da modalidade, como Claudionor Germano, ilustre cantor pernambucano e Alceu Valença, que dispensa quaisquer apresentações.

Para trazer a vibe que este Dia do Frevo merece, confira um exemplo na voz do grande Alceu Valença, na música Diabo Loiro. Perceba a energia presente no palco, que contagia os músicos, o público e espero que você também!

Frevo de bloco – uma das razões do Dia do Frevo

Essa modalidade é a que mais se diferencia das outras. Aqui o ritmo é mais lento, as letras falam de sentimentos nostálgicos e poéticos. A orquestra também muda, nos outros tipos de frevo, temos instrumentos de percussão e metais; no de bloco, é pau e corda: violões, bandolins, flautas.

O coral é geralmente comandado pelas mulheres, mas, no meio do bloco, as vozes se misturam com a do público que segue nas ruas festejando. As músicas saudosas são poéticas e há expressão de arte durante todo o desfile, com fantasias, estandartes e muitas sombrinhas enfeitando as ruas. 

Galo da Madrugada também é parte do Dia do Frevo
Galo da Madrugada arrasta multidão no Recife (Foto/Aluísio Moreira/SEI)

Um exemplo é Bloco da Saudade, que ocorre há quase 50 anos nas ruas de Olinda. O evento ajuda a resgatar a celebração do carnaval lírico que tanto marcou Pernambuco. Já o Galo da Madrugada é mais tradicional e é considerado o maior bloco do mundo, segundo o Guiness Book. A seguir um trechinho do que é esse momento, porém fica o aviso: a vontade de sair num bloquinho pode ser intensa:

Tradição que continua viva

Apesar de ser um ritmo criado há séculos, o frevo continua presente na cultura contemporânea. Novos artistas estão comprometidos na composição de músicas, jovens são frequentadores assíduos dos blocos e o gênero nunca sai de moda. Não é a toa que foi reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Unesco, em 2012.

Alunos de uma oficina de frevo em Olinda
As oficinas de frevo ajudam a manter as chamas da cultura acessas (Foto/Prefeitura de Olinda)

Um exemplo dessa expressão cultural ainda viva em nosso meio é o disco Orquestra Frevo do Mundo, que aborda o ritmo com influências pop. Lançado em 2020, conta com colaborações incríveis de Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Tulipa Ruiz entre outras. Veja uma das canções com a participação da Duda Beat

Neste Dia do Frevo, milhares de foliões não puderam sair nas ruas para festejar tal manifestação cultural. Contudo, essa grande tradição das raízes nordestinas, as cores, as sombrinhas e muita música precisam ser comemoradas.

Portanto, agora é sua vez de espalhar essas curiosidades e celebrar o Dia do Frevo nas suas redes sociais. Compartilha o post para aquele amigo que vai curtir o próximo carnaval com você para deixar o clima preparado para dançar frevo por aí.

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