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7 discos de música brasileira que você precisa conhecer

Há discos de música brasileira que realmente resistiram ao teste do tempo. Nesse sentido, alguns deles carregam uma importância um tanto “fora da curva”. Isso pode acontecer, por exemplo, por alguma novidade musical que o álbum trouxe, e/ou por ajudar a contar a história do nosso país.

Membros do Clube da Esquina reunidos
Os “mineiros maneiros” do Clube da Esquina gravaram um dos discos mais antológicos da música brasileira (Foto/Divulgação)

Conforme experiências sensoriais particulares explicam, alguns discos de música brasileira fazem o ouvinte crescer como pessoa, como músico, ou simplesmente como amante da música nacional. Pensando nisso, preparamos uma seleção especial de discos para você que quer conhecer nossa música mais a fundo. Confira.

Discos de música brasileira que fizeram a diferença:

Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que os discos de música brasileira desta lista abrangem várias décadas e estilos. Em outras palavras, você terá experiências com clássicos de artistas como:

  • Titãs;
  • Milton Nascimento;
  • Legião Urbana;
  • Zeca Baleiro;

Sem mais spoilers, vamos à lista!

Clube da Esquina – Milton Nascimento e Lô Borges (1972)

O álbum duplo Clube da Esquina, com 21 canções, leva a assinatura de Milton Nascimento e Lô Borges. No entanto, o que o torna único é justamente a participação de outros músicos de enorme importância para a música brasileira. Assim, participam do disco, artistas como Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta, dentre outros.

A participação desses artistas trouxe para o disco diversas visões políticas, sociais e, claro, musicais. Logo, estão presentes no álbum estilos como jazz, bossa nova, música africana, rock progressivo e ritmos regionais brasileiros. Também se percebe influências da música hispânica, erudita e da música popular internacional dos anos 60, com especial destaque para os Beatles.

Essa miscelânea de estilos foi centralizada na supervisão, especialmente, de Milton Nascimento. Foi ele quem melhor convergiu todo o trabalho, o que foi essencial para o resultado final. Também por isso, a obra tornou-se um dos discos de música brasileira mais importantes de todos os tempos.

Elis & Tom – Elis Regina e Tom Jobim (1974)

O primeiro motivo que faz de Elis & Tom um dos melhores discos da música brasileira é um tanto óbvio. Ele reúne Elis, uma das nossas melhores intérpretes, com Tom Jobim, um dos precursores da bossa nova e um expoente da música brasileira no exterior.

Para além do óbvio, vale destacar os belos arranjos do pianista César Camargo Mariano e as colaborações de Chico Buarque e Vinícius de Moraes. A qualidade das letras é impecável, como em Retrato em Branco e Preto, e marcante, como na terceira e definitiva versão de Águas de Março.

As interpretações de Elis, claro, também trazem importância ao disco. Nessas canções, é perceptível sua forma intuitiva de cantar. Além disso, Elis interpreta cada palavra com afinação precisa e usa algumas técnicas muito bem. Dentre elas, por exemplo, está a dinâmica vocal, que ajuda a transmitir todo o potencial emotivo das canções.

Tropicália ou Panis et Circenses – Movimento Tropicalista (1968)

Mais do que um álbum, Tropicália é o manifesto de um movimento por meio da música. Dentro desse movimento estavam artistas como Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, Mutantes, entre outros.

A ideia era revolucionar a estética (musical ou não) e o comportamento numa época em que o governo militar estava estabelecido no país. Em muitos momentos, portanto, as músicas do disco fazem críticas à ditadura, ainda que de forma discreta.

Um bom exemplo é a canção Panis Et Circenses. A obra traz uma crítica às pessoas acomodadas diante do regime militar. Em um dos trechos, por exemplo, o eu-lírico da canção tranquilamente mata seu amor de forma chamativa, com “luminoso punhal”, em uma avenida movimentada. Enquanto isso, alheias a tudo, as pessoas seguem seu trivial cotidiano na sala de jantar, ocupadas apenas “em nascer e morrer”.

As letras muitas vezes dialogavam com a poesia concreta, em jogos de linguagem evidentes, principalmente, na canção Bat Macumba. Ao mesmo tempo, ritmos brasileiros eram misturados a elementos da música estrangeira da época, como a guitarra elétrica. Com essas e outras características, o movimento influenciou muito do que veio pela frente.

Cabeça Dinossauro – Titãs (1986)

Terceiro álbum da banda paulistana Titãs, Cabeça Dinossauro parecia ser a última chance do grupo com a gravadora Warner Music Brazil. O contrato iria terminar em seguida e eles ainda não tinham vendido tanto quanto precisavam.

Arnaldo Antunes e Tony Bellotto haviam sido presos recentemente por porte de heroína e estavam revoltados, assim como o resto da banda. Segundo eles mesmos, isso foi determinante para que o disco tenha soado com a agressividade necessária.

O álbum era também inovador ao trazer para o pop/rock letras com um conteúdo mais provocativo e inteligente. Assim, nele estão canções que criticam religião (em Igreja), capitalismo (em Homem Primata), a polícia (Estado Violência), etc.

A própria banda entende que esse foi o disco em que sua identidade foi finalmente estabelecida. Com isso, o grupo e seus produtores deram a ritmos como rock, punk, funk, reggae e música eletrônica, um fio condutor em comum. Isso fez de Cabeça Dinossauro um álbum conceitual, que vale a pena ser ouvido do início ao fim.

Construção – Chico Buarque (1971) – uma joia entre os discos de música brasileira

Construção é o primeiro disco solo da nossa lista. Embora, é claro, Chico Buarque seja o protagonista, o artista contou com a ajuda de grandes nomes. Juntos, fizeram deste um

dos discos de música brasileira mais importantes de todos os tempos. O álbum tem composições de Chico em parceria com Toquinho, Vinícius de Moraes e Tom Jobim. As gravações contaram ainda com as vozes do grupo MPB4 em algumas faixas, e com o arranjo de Rogério Duprat para a música Construção.

Assim como o disco tropicalista, algumas faixas também fazem críticas veladas à ditadura, como nas canções Samba de Orly, Deus Lhe Pague e Cordão.

Embora com excelentes músicas, o grande destaque do álbum é aquela que dá nome a ele. A canção não é um simples relato sobre o dia fatídico na vida de um pedreiro, na construção em que trabalhava. Como explicado pelo próprio Chico, a letra em si também é uma construção. As palavras vão sendo realocadas durante a canção e seu tom cada vez mais caótico é brilhantemente reforçado pelo arranjo do maestro Rogério Duprat.

Dois – Legião Urbana (1986) – força do rock entre os discos de música brasileira

Depois de alguns sucessos no primeiro disco, a Legião Urbana solidificou sua presença na música brasileira com o álbum Dois. O disco emplacou vários sucessos como Índios, Eduardo e Mônica e Tempo Perdido

No álbum, Renato Russo deixou um pouco seus posicionamentos políticos e críticas sociais para priorizar as relações afetivas. Sua homossexualidade, por exemplo, aparece em músicas como Daniel na Cova dos Leões e Quase sem Querer, ainda que de forma discreta.

A beleza das melodias e arranjos, combinados às letras geniais de Renato Russo, foram essenciais na consolidação da banda e do rock brasileiro como um todo. Ainda que haja outros motivos, esse sem dúvida já coloca a obra dentre os maiores discos de música brasileira.

Vô Imbolá – Zeca Baleiro (1999)

No momento em que gravou esse álbum, Zeca Baleiro já tinha excelentes canções lançadas. No entanto, em Vô Imbolá encontramos o auge de sua criatividade, misturando a brasilidade das letras e ritmos regionais com referências da música pop mundial. Tudo isso de uma forma única, e completada com uma produção de tirar o chapéu.

O álbum já se inicia de forma arrebatadora, com a canção Vô Imbolá, uma criativa embolada. Ao mesmo tempo, em que possui um ritmo tipicamente brasileiro, a canção é permeada com samplers, synth bass e bateria eletrônica. É nessa música, por exemplo, que o maranhense consegue rimar Jimmy Cliff com banda de Pife, além do uso de outras rimas ricas ou raras. 

A canção é um prenúncio da pluralidade artística apresentada no álbum. Entram no disco, portanto, ritmos como samba, embolada, repente e bumba-meu-boi, tudo com experimentações de Baleiro e da excelente equipe que o acompanha. Ritmos mais conhecidos como o baião de Pagode Russo e o samba de Disritmia, também são completamente transformados e ganham uma nova e fascinante roupagem.

Confira a videoaula de Lenha, um dos hits desse disco.

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