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Escalas musicais: o que são e como estudá-las?

Confira um guia supercompleto sobre as escalas musicais e domine este elemento fundamental da música.

As escalas musicais são um dos fundamentos de grande parte do repertório de músicas do ocidente. Elas são usadas para compor melodias, construir harmonias, improvisar etc. Portanto, elas são parte integral da formação de qualquer estudante de música e devem ser bem entendidas e assimiladas pelo profissional.

Aluno de violão estudando música com o instrumento no colo e fazendo anotações em um caderno
Dominar as escalas musicais vai te ajudar muito no processo de evolução (Foto: Reprodução/Freepik)

Neste texto, vamos explicar o básico sobre formação de escalas, conceito básico do “be-a-bá” da teoria musical.. Além disso, iremos expor algumas escalas básicas para você começar a estudar e aplicar na sua prática, seja analisando músicas, seja compondo, seja improvisando.

Vamos lá?

O que são as escalas musicais?

As escalas musicais nada mais são do que sequências de notas separadas por padrões de intervalos determinados.

No tipo de música que escutamos todos os dias, grosso modo, existem dois tipos de intervalos: o semitom (ou meio-tom) e o tom. As escalas são formadas a partir de combinações deles.

No total, há 12 semitons dentro do que chamamos de uma oitava. Isso equivale a um Dó a outro nas teclas do piano ou a uma corda solta até a 12ª casa do violão, por exemplo.

Diagrama sobre tom e semitom na música

Quais são as escalas musicais?

Uma vez que sabemos que existem 12 intervalos de semitom separando as diferentes notas, podemos começar a montar as escalas a partir de uma sequência determinada desses intervalos.

Vamos conhecer as principais?

Escala cromática

A escala cromática nada mais é que uma escala onde todas as notas estão separadas por semitons. Como já mencionado, corresponde a tocar cada casa do violão, por exemplo, até chegarmos à 12ª casa. No piano, corresponde à execução de todas as 12 teclas em sequência.

A convenção teórica adotada é que as notas terão seus nomes dados de acordo com a direção melódica. Portanto, quando vamos na direção do agudo, ou subindo a escala, usamos o sustenido. Por exemplo:

Dó – Dó# – Ré – Ré# – Mi – Fá – Fá# – Sol – Sol# – Lá – Lá# – Si

Já quando caminhamos para o grave, ou descemos a escala, usamos o bemol:
 
Si – Sib – Lá – Láb – Sol – Solb – Fá – Mi – Mib – Ré – Réb – Dó

Mas é importante saber que, muitas vezes, esses nomes são adaptados aos contextos harmônico e tonal da música em que estão inseridos.

Escala maior natural

A escala maior natural, amplamente conhecida como escala maior, é composta por sete notas separadas pelos seguintes intervalos: T – T – ST – T – T – T – ST.

Se utilizarmos o piano como referência, perceberemos que as notas brancas formam a escala de Dó maior natural, justamente com os intervalos citados acima: Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó.

Ilustração da escala natural ascendente

Agora, se quisermos montar a escala maior natural em outras tonalidades (digamos, a de Sol maior), teríamos que fazer um pequeno ajuste.

Sabendo que devemos começar do Sol, vamos perceber que o intervalo entre o 7º grau da escala e a tônica é de um tom, e não de um semitom. Portanto, devemos adicionar um sustenido e elevar o Fá para Fá#. O resultado final seria:

Sol – Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá# – Sol

Escala menor natural

A escala menor natural é a escala formada pelos intervalos de T – ST – T – T – ST – T – T. Ou seja, partindo como exemplo da nota Lá, teremos: Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá.

Reparou que as escalas de Lá menor e Dó maior possuem as mesmas notas? Quando existe esse tipo de ligação entre as escalas maior e menor natural, damos o nome de escalas relativas.

Uma boa forma de encontrar as escalas menores relativas é pensar que elas estão três semitons abaixo da escala maior correspondente.

Escala menor melódica

A escala menor melódica tem suas próprias peculiaridades. Inicialmente, essa escala se diferencia de todas as escalas musicais por possuir um padrão ascendente e outro descendente.

Um exemplo com a escala de Lá menor melódica:

  • Ascendente: Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá# – Sol# – Lá (T – ST – T – T – T – T – ST)
  • Descendente: Lá – Sol- Fá – Mi- Ré – Dó – Si – Lá (T – T – ST – T – T – ST – T)

Uma forma de tentar entender essa escala é memorizar que, na subida, ela “termina como uma escala maior” e, na descida, ela “retorna” como uma escala menor natural.

Mas também há uma variação, chamada de menor bachiana, em referência ao compositor alemão Johann Sebastian Bach. Nesse caso, os intervalos da escala não se alteram na direção descendente:

Menor bachiana descendente: Lá – Sol# – Fá# – Mi – Ré – Dó – Si – Lá (ST – T – T – T – T – ST – T)

Escala menor harmônica

Essa escala é facilmente reconhecível por possuir um intervalo extremamente característico: um tom e meio (ou três semitons) entre o 6º e o 7º graus da escala, resultando no seguinte padrão: T – ST – T – T – T ½ – ST.

Por exemplo, em Lá menor harmônico, temos: Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol# – Lá.

A explicação desse intervalo está evidente no nome da escala: a harmonia, o que será explicado em um tópico a seguir.

Escala pentatônica

A escala pentatônica é uma escala muito conhecida por ser muito consonante e versátil na hora da improvisação. Mas a verdade é que ela é amplamente usada em uma grande diversidade de gêneros musicais e períodos ao longo da história da música.

Desde algumas músicas orientais (como a japonesa), passando pelo impressionismo francês do século XX, o jazz de Miles Davis, o blues, o rock e o heavy metal.

A escala pentatônica, como o próprio nome diz, é formada por cinco notas: Dó – Ré – Mi – Sol – Lá. Ou seja: T – T – T ½ – T – T ½ . Nesse caso, trata-se da pentatônica maior.

Também existe a pentatônica menor, relativa da maior, formada por: Lá – Dó – Ré – Mi- Sol – Lá, ou T ½ – T – T – T ½ – T.

A principal característica dessa escala é a supressão do intervalo do trítono (ou quarta aumentada). Na escala de Dó maior, esse intervalo é formado pelas notas Fá e Si.

A supressão desse intervalo confere um caráter mais “estático” a essa escala. Por isso mesmo, a torna mais versátil.

Como saber se uma escala é maior ou menor?

O que define se uma escala é maior ou menor, ou o modo da escala, são a terceira e a quinta nota – terça e quinta da escala.

Se a terça estiver a dois tons (ou quatro semitons) da nota fundamental da escala e a quinta estiver a três tons e meio (ou sete semitons), elas formarão, respectivamente, uma terça maior e uma quinta justa. Portanto, a escala será uma escala maior.

Se, por outro lado, a terça estiver a um tom e meio (ou três semitons) da nota fundamental da escala, ela formará uma terça menor. Consequentemente, a escala será uma escala menor. Ambas as escalas devem ter quintas justas.

Perceba que a terça menor é uma das notas em comum entre todas as escalas menores (natural, melódica e harmônica).

Como treinar as escalas musicais?

Para treinar as escalas musicais, é ideal, antes de tudo, ter aprendido (não apenas decorado) os padrões de intervalos que compõem as diferentes escalas.

Um segundo passo é aplicar esses intervalos, por exemplo, ao longo do braço do violão de diferentes maneiras.

Por exemplo, você pode tentar montar a escala de forma “horizontal”, em uma mesma corda, e, depois, montá-la de forma “vertical” em diferentes cordas, mas em uma mesma posição (ou casa).

Além disso, você pode ter como referência materiais de estudo de qualidade e que vão facilitar o seu entendimento sobre escalas. É o caso do nosso e-book gratuito “Aprendendo as escalas na prática”, que certamente será útil para você!

E-book do Cifra Club sobre escalas musicais

Como harmonizar escalas?

Para harmonizar uma escala, o ponto de partida é o que chamamos de campo harmônico. O campo harmônico de uma escala é construído pela sobreposição das notas dessa escala para formar acordes.

Nesse caso, iremos sobrepor a terça e a quinta de cada uma das notas da escala.

Cada campo harmônico gerado terá um padrão que pode ser reproduzido em todas as tonalidades.

Os campos geram os seguintes acordes:

  • Maior: I – IIm – IIIm – IV – V – VIm – VIIm5-
  • Menor natural: Im – IIm5- – III – IVm – Vm – VI – VII
  • Menor melódica: subindo Im – II – IIIaum – IV – V – VIm5- – VIIm5-, descendo é o mesmo campo harmônico menor natural
  • Menor harmônica: Im – IIm5- – IIIaum – IVm – V – VI – VIIm5-

Quer aprender mais escalas e aplicá-las no instrumento?

As escalas que foram apresentadas aqui são apenas as mais conhecidas e básicas. Existem diversas escalas e formas de usá-las. Dessa forma, muitos compositores buscam sempre alterar escalas para chegar a novas sonoridades!

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Foto de Marco Teruel

Marco Teruel

Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.

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