História da música brega: saiba mais e apaixone-se pelo estilo
A história da música brega teve início na década de 50, mas, a consolidação mesmo foi em 90, com reconhecimento musical no Norte e Nordeste. Ao mesmo tempo que foi utilizado como forma de descredibilização, o termo brega refere-se a músicas românticas diferentes do estilo jovem dos anos 60.
Depois que o gênero ganhou força com Waldick Soriano e outros nomes, passou a transitar entre o sertanejo, bolero e demais gêneros, ganhando aceitação popular.
O brega chegou ao samba-canção, à jovem guarda, ao tecnobrega e até ao brega funk, reinventando-se ao longo do tempo para manter o ritmo vivo. Apesar de criticada e apelidada de cafona por muitos, não há quem resista aos versos de Garçom, Sandra Rosa Madalena e ao poder do brega. E é sobre a história desse movimento repleto de drama e emoções, que vão além de um simples um ritmo, que vamos falar aqui. Já deixa a sua flor à tiracolo e vem com a gente!
Mais que um estilo, um movimento social
Primeiramente, as raízes da história da música brega vêm das relações sociais e poder. Nesse sentido, o termo brega era empregado às camadas populares e periféricas, e também aos prostíbulos nordestinos que apostavam em músicas românticas como trilha. Entretanto, a associação entre o termo e o estilo musical foi feita apenas nos anos 80, transformando o que era considerado como cafona em brega.
Apesar de não possuir origem definida, estudiosos apontam o surgimento do estilo nas décadas de 40 e 50, com presença no bolero e no samba-canção. Juntamente a nomes como Orlando Dias e Carlos Alberto, cantores como Cauby Peixoto também se uniam aos precursores do gênero.
Nesse meio tempo, o país vivia inovações no cenário musical, com estilos urbanos que contagiaram os jovens e inovaram estilos. Os movimentos da tropicália, MPB e cultura pop nacional e internacional emergiram, acompanhando o sucesso do iê-iê-iê do rock n roll. Então, os padrões de gosto vindos da classe alta começaram a ser desafiados, uma vez que a Jovem Guarda abriu as portas para novos artistas. Assim, cantores como Reginaldo Rossi puderam transitar entre os gêneros, indo do rock nordestino do The Silver Jets ao protagonismo brega.
Rótulos e mais rótulos: do cafona ao brega
A década de 70 chega e com ela as acentuações de estilos, com a MPB em alta. Ao mesmo tempo, o samba, a música caipira e o rock nacional conquistavam espaço, deixando o título de cafona para os demais. Assim, cantores como Waldick Soriano, Reginaldo Rossi, Odair José e Altemar Dutra carregavam a fama de cafona, pois traziam uma temática romântica em suas letras.
Na segunda metade dos anos 70, o cafona incorpora uma outra roupagem, com uma sonoridade mais moderna vindo da era disco e pop dançante. Ao mesmo tempo, o estilo era acompanhado de danças sensuais, que para muitos beirava o vulgar, lideradas por melodias de Sidney Magal e Gretchen.
Então, nos anos 80, o termo brega passa a ser empregado e difundido, fazendo com que o estilo fosse recebido sem o devido valor artístico. Agora, o cafona torna-se brega, como resultado de música de mau gosto, feita para massas, com letras com ingenuidade excessiva ou o drama. Às vezes, composta dos dois juntos. Nesse sentido, os cantores românticos que eram presença confirmada em programas de auditório, como Amado Batista e Wando, se tornaram representantes do gênero.
Tanto quanto os demais estilos, o brega passou a influenciar as pessoas e se misturar a outros gêneros, tornando sua definição mais imprecisa. Como resultado disso, não só os cantores do gênero levavam o rótulo de brega, mas os demais que interpretavam canções mais românticas e populares.
Nesse sentido, o conceito chegou aos gêneros de samba, sertanejo e ajudou a alavancar novas tendências, como axé, pagode, lambada e o funk carioca. Igualmente considerados de menor valor artístico, juntos os artistas criavam memórias em festas trash Brasil afora, com presença também na TV e rádios.
Consolidação do estilo
Após todo esse movimento, a década de 90 chegou e com ela a consolidação da história da música brega. Canções como Garçom tornavam-se grandes hits também no Sudeste, além do surgimento de grupos focados na regravação de sucessos brega, como a banda Vexame. Nomes como Odair José também ganharam tributo nos anos 2000, com participações de Pato Fu, Zeca Baleiro e Mundo Livre S/A.
Como resultado disso, surge também uma linha mais “escrachada” do gênero, tendo Falcão como representante. Além disso, há quem diga que o estilo visual dos Mamonas Assassinas também tinha raízes do brega, contribuindo para o sucesso comercial da época.
(Pasmem, é a Marisa Orth mesmo)
Mas, acima de tudo, foi no Norte e Nordeste que o brega se consolidou como força musical. Às vezes, mesmo sem grandes investimentos, os artistas bregas continuaram a produzir e construir um público significativo, com circuitos de bailes e shows intitulados “Bregões”.
Misturando sonoridades típicas da região e o pop, o brega pop nasce e se consolida no mercado. Além das coreografias já presentes, o gênero acompanha ritmo acelerado e guitarras, com representantes como Calypso e a banda Tecno Show, de Gaby Amarantos.
Legado presente nos dias de hoje
Recentemente, o brega foi considerado como patrimônio cultural de Pernambuco, com a criação de um Dia Estadual da Música Brega. A data escolhida foi 14 de Fevereiro, aniversário de Reginaldo Rossi.
Atualmente, o brega se estende em tecnobrega e até no piseiro, com divulgação nacional e internacional graças a artistas de peso, como a Banda Uó, Pabllo Vittar. Já nas redes sociais, o Tik Tok tem sido responsável por levar o brega às paradas, com o viral do O Carpinteiro, criado por Orlandinho.
@euorlandinho Marca teu amigo que tem estilo e malemolência ???? #orlandinho #piseiro #brega #reidopiseiro #humor #jogaagua
♬ O Carpinteiro (Conto de Fadas) – nattan & Elias Monkbel
Construindo uma nova história da música brega
Já deu para perceber que com o passar do tempo, o brega fica mais forte e plural, não é? O estilo se reinventou e hoje transita também entre os jovens e as redes sociais, sem deixar o romantismo de lado. O olhar pejorativo sobre ele tem perdido força e feito o gênero conquistar espaços mais altos, consolidando-se como parte importante da cultura nacional.
Você também pode contribuir para a construção da nova história do brega, compartilhando este post para quem ama o estilo e também para quem precisa saber mais sobre. Além disso, vale arriscar tocar o brega você também, hein? Dá o play e vem com a gente!
Laryssa Costa
Jornalista, também graduada em Letras e com especialização em Música e Negócios. Amante e pesquisadora da música, viciada em shows e biografias. Escreve para o Cifra Club desde junho de 2021.