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5 vezes em que o Rock in Rio foi palco de manifestações políticas

Rock In Rio também é palco para protestos políticos

No Rock in Rio, o rolê nunca para na música (Divulgação)

O Rock in Rio é um dos maiores, se não o maior de todos, eventos de cultura e arte do planeta. Ao longo de suas 19 edições – considerando as gringas – o festival já recebeu mais de 9,5 milhões de pessoas, gerou mais de 215 mil empregos, contratou mais de 2000 artistas e movimentou uma incalculável quantia de dinheiro.

Historicamente, no entanto, sabemos que esse tipo de evento envolve muito mais do que diversão. Na real, desde o Woodstock – em 1969 – nunca é só música, né mesmo?

Neste post, com ar de nostalgia [que perca a primeira palheta quem não curte um bom TBT], te convido a fazer um exercício de memória e relembrar cinco momentos em que o festival idealizado por Roberto Medina foi palco para manifestações políticas e ativismo.

Vamos nessa?

1. Barão Vermelho e o “Brasil novo”

O evento nasceu junto com o fim da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Após longos anos de conflitos, censuras e torturas, a população, finalmente, recuperou a sua democracia. No dia 15 de janeiro daquele ano, Tancredo Neves foi eleito, via voto indireto do colégio eleitoral, para ser o presidente do país.

Exatamente no mesmo dia, o Barão Vermelho estreou nos palcos do RIR. Para celebrar o “novo começo de era”, a banda usou bandeiras nacionais e muitos elementos nas cores verde e amarela. Ao término da música Pro Dia Nascer Feliz, um emocionado Cazuza encerrou o show desejando que “que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã. Um Brasil novo, uma rapaziada esperta. Valeu!”.

2. Detonatutas e o recado ao governador

Em 2013, o festival rolou em setembro, dois meses depois das manifestações de junho contra o descarado aumento da tarifa do transporte público e os [excessivos e abusivos] gastos para a Copa do Mundo de 2014. Diretamente do Palco Sunset, a banda Detonautas comandou uma justa e digna homenagem ao lendário Raul Seixas.

Em uma tarde bastante inspirada e com seu lado politizado a todo vapor, o vocalista Tico Santa Cruz puxou um nada carinhoso coro contra a Sérgio Cabral (PMDB), até então governador do Rio de Janeiro, e a proibição do uso de máscaras durante as manifestações de ruas. Ciente do rolê, a galera comprou a ideia e não teve medo de potencializar o protesto de Tico.

3. Dinho Ouro Preto e o nariz de palhaço

Pouco depois de ajudar os Detonautas no recado contra Cabral, o público se viu novamente diante de um momento de manifestação política. No Palco Mundo, a banda brasiliense Capital Inicial resgatou sua veia punk e fez seu protesto contra a avalanche de corrupção soterrou o cenário político da época.

Com nariz de palhaço, Dinho Ouro Preto virou meme no Rock in Rio de 2013

Dinho Ouro Preto e o famoso nariz de palhaço (Reprodução/Internet)

Antes do Capital tocar a música Saquear Brasília, o vocalista Dinho Ouro Preto tomou a palavra e fez um de seus tradicionais discursos inflamados. Porém, aparentemente muito nervoso Dinho repetiu a palavra “cara” incontáveis vezes e acabou dando um recado um tanto quanto confuso. No final das contas, ele colocou um nariz de palhaço e retratou o papel que o cidadão brasileiro estava fazendo na mão da classe dominante.

4. A indignação do Skank com o governo Temer

No ano da sexta edição brasileira do evento, no ano de 2017, duas palavrinhas não saiam da boca de uma boa parte do povo brasileiro. Sim, amigo leitor, estamos falando do termo “Fora Temer”, que merece virar verbete do dicionário da língua portuguesa.

Antes de tocar a música “Indignação”, o vocalista e guitarrista do Skank, o mineiro Samuel Rosa, não se esqueceu de comentar os casos de corrupção. Como consequência, o público enxergou uma ótima oportunidade para pedir a saída do então presidente Michel Temer.

5. Alicia Keys em defesa da Amazônia

Diretamente do Palco Mundo, no dia 17 de setembro de 2017, a norte-americana Alicia Keys fez a manifestação que os artistas brasileiros não se lembraram de fazer. Graças a Alicia, o maior evento de cultura e arte do mundo foi um veículo para externar a preocupação com a Amazônia.

Para tal, a nossa eterna “girl on fire” convocou Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), para falar sobre a preservação da Amazônia.

Rock in Rio 2019

Em 2019, o RIR vai rolar entre os dias 27 de setembro e 6 de outubro. Vivemos os tempos do primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Segundo as notícias diárias das editorias de política dos veículos de comunicação da imprensa, o mandatário do Brasil – bem como seus familiares e pessoas de confiança – são o centro dos mais variados tipos de polêmicas.

Será que o Rock in Rio vai manter a sua tradição de ser palco para manifestações políticas? Se sim, quais pautas serão levantadas pelos astros que vão comandar o evento? Conta aí nos comentários, amigo leitor, o que pensa sobre esse assunto. Sua opinião sempre será importante por aqui =)

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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