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Música lo-fi: o que sabemos sobre a febre da internet

Você procura o som e a batida ideais para estudar? Então, conheça o fenômeno chamado música lo-fi, sonoridade trabalhada em instrumentais relaxantes.

Se você é um frequentador assíduo do mundo online, principalmente do YouTube, já deve ter ouvido falar na lo-fi music. Talvez não lembre dela de cabeça, mas a reconheça através de uma imagem que rodou os quatro cantos da internet:

A study girl,símbolo da lo-fi music, em sua clássica imagem estudando enquanto o gato de estimação olha pela janela
A lo-fi girl , um ícone supremo da música lo-fi (Imagem/Reprodução)

A lo-fi girl ou study girl é essa simpática garota estudando, enquanto ouve uns beats relaxantes. A animação se tornou conhecida por ilustrar uma transmissão ao vivo que permaneceu ativa no YouTube por mais de um ano, até ser encerrada acidentalmente. Mas não se preocupe, a live voltou em outro link e a imagem é até atualizada de acordo com feriados sazonais. Agora em outubro, por exemplo, a study girl e seu gatinho estiveram na vibe do Halloween.

O novo canal da lo-fi girl, com seus quase 10 milhões de inscritos, é só um modo popular de conhecer esse estilo musical. O ponto é que milhares de pessoas, especialmente jovens, usam a música lo-fi como modo de relaxar ou se concentrar

Contudo, pouco se sabe sobre a origem ou mesmo os artistas por trás do fenômeno. Bora descobrir juntos?

O que é a lo-fi music

O termo lo-fi e a música que domina a internet possuem origens distintas. O nome vem de low fidelity, ou “baixa qualidade”. Refere-se ao modo como artistas independentes gravam suas canções, a partir de estúdios caseiros e com equipamentos limitados. É uma expressão especialmente conhecida no hip hop, por conta do DJ William Berger, que passava por esse exato processo em seu programa de rádio. Era a rádio WFMU, de Nova Jersey, lá na década de 1980.

Inclusive, o hip hop é a origem do estilo musical de hoje, que pode até ser considerado uma variação própria. Não é à toa que aqueles canais que mencionamos ali em cima frequentemente usam “hip hop beats” ao lado de lo-fi music.

Dessa forma, o que temos atualmente é um gênero de música que remete ao hip hop, mas com algumas particularidades. O lo-fi mantém as batidas constantes, muitas vezes em uma percussão clássica de bumbo, caixa e hi-hat. Só que, diferente do estilo que tocava na rádio dos anos 80, agora a pegada é leve e calma, sem toda a energia do hip hop. Raramente há uso de vocais, e normalmente incluí-se sons propositalmente de baixa qualidade, como chiados e outros ruídos. Às vezes dá para ouvir diálogos ou monólogos abafados, frequentemente retirados de filmes ou séries.

Portanto, a música lo-fi une elementos do hip hop enquanto honra a origem do nome. Mas o foco é a simplicidade e relaxamento, indo de encontro a gerações que estão o tempo todo conectadas e aceleradas. Qual será a razão para essa relação tão boa?

Conquistando o mundo

A lo-fi music deixou de ser apenas uma definição para “baixa qualidade” e se tornou um estilo próprio em meados de 2015. Ganhou muita força entre os artistas iniciantes, devido ao baixo orçamento necessário, com o objetivo de ajudar os ouvintes a relaxar e se concentrarem.

Esse propósito casou perfeitamente com os millennials, à princípio. A geração, na época entre 20 e 34 anos, já estava enfrentando a correria da vida adulta. Ao mesmo tempo, já estava acostumada com a velocidade do mundo digital. Um escape de tudo isso foi a solução perfeita, que se estendeu até os zoomers, geração mais nova que também vive conectada.

Por isso, do lado do público, houve uma recepção estrondosa e, até certo ponto, inesperada. Do lado dos artistas, abriu-se uma brecha para fazer mais sons experimentais com pouca grana, e alcançar muitas pessoas mesmo sem grandes produções.

É claro que isso não significa que os músicos de lo-fi estejam ganhando fama. O fenômeno é coletivo, de forma que inúmeras pessoas se sentem à vontade para tentar criar suas próprias canções. Não pela fama nem por qualquer dinheiro, mas pelo simples prazer de fazer música e oferecer um momento de relaxamento aos ouvintes.

Mesmo que você seja um consumidor assíduo do estilo, provavelmente não conseguiria nomear muitos artistas de lo-fi, certo? É isso que queremos dizer. Mas eles estão por aí, naturalmente, ao redor do mundo — inclusive no Brasil.

Artistas de música lo-fi

O epicentro de artistas independentes é o Soundcloud, mas o fato é que eles estão por toda parte, seja lo-fi ou qualquer outro gênero. Quando ainda bem desconhecidos, são encontrados geralmente por quem está em busca de coisas novas.

Já no Spotify e no YouTube, há mais chances de se destacarem. No primeiro caso, por causa das playlists de lo-fi que existem aos montes. A playlist oficial da plataforma, por exemplo, conta com mais de 4 milhões de curtidas. Nada mal, hein?

Já no YouTube, há a possibilidade de participar das lives ou dos vídeos de horas, que indicam também quem são os artistas tocando. É quase como participar de um programa de rádio na era digital. Os principais canais que cumprem esse papel são o já mencionado Lofi Girl, o Chillhop Music e College Music. No Brasil, temos a Panda House. Abaixo, você confere um trabalho recente que fizeram com a música Letícia, hit de Zé Vaqueiro.

Há ainda o espaço que cada músico pode conquistar, em qualquer uma dessas plataformas. Devido ao sucesso do estilo, não é difícil encontrar trabalhos autorais em nichos variados. Por exemplo, abaixo temos um lo-fi bem específico feito para um canal de RPG, Maré Geek, e produzido pelo compositor e engenheiro de som Alex Kim Manso:

Ainda que os artistas iniciantes sejam peça fundamental no mundo lo-fi, não dá para dizer que alguns nomes não se destacaram nos últimos anos. Vale mencionar aquele que muitos consideram pioneiro do lo-fi: o DJ Nujabes. Também é importante falar do rapper J Dilla, cujas batidas inspiram a música lo-fi até hoje. Mais alguns nomes que entram na cena atualmente são Kupla, Knxwledge, Pandrezz, entre muitos outros.

Aliás, os brasileiros também participam da festa! Confira os sons de Expedidor, Satierf e do projeto Recife Lo-Fi, pra começar. O bom do BR é que muitos artistas inserem elementos da nossa música, ou mesmo fazem remixes delas para adaptá-las ao estilo low fidelity.

O futuro da música lo-fi

Não dá para prever o futuro, mas sempre podemos imaginar a partir das tendências que vemos por aí. E o fato é que o lo-fi não só é um fenômeno virtual, como também passou a marcar presença na vida das pessoas.

Não são muitos os que vão atrás da história do estilo ou dos artistas. Porém, mesmo não sendo por fama, ainda há um viés positivo para quem faz esse tipo de música. A produção é de baixo custo e, se for possível entrar nas playlists mais famosas do Spotify, o retorno pode ser considerável. Portanto, é possível supor que artistas novos continuarão surgindo para tentar a sorte.

Mesmo fora do âmbito financeiro, muitos músicos curtem o experimentalismo permitido no lo-fi. A base de hip hop e os efeitos formaram o gênero, mas ele não para por aí. Dá para passear por versões com vocais, ou similares a outros estilos musicais, ou diferenciadas de mil maneiras.

Portanto, o público está aí e os artistas também. Não parece que a lo-fi music vai sumir tão cedo. Então aproveite e relaxe!

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