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Rock nacional dos anos 90: confira o top 10 das melhores bandas

A geração de bandas de rock nacional dos anos 90 tinha tudo para dar bastante errado. Pra começar, havia as comparações com o glorioso passado recente da turma da década passada. Era inevitável não esperar pelo próximo Cazuza… pelo próximo Renato Russo… pelos próximos Titãs, Paralamas, etc e tal.

Além disso, a ascensão do sertanejo, da lambada e do axé fez com que o estilo fosse jogado para escanteio. Em suma, fazer pop rock já não era tão bacana. Como consequência, o roqueiro brasileiro voltou a ter cara de bandido, igualzinho está descrito na música Ôrra Meu!, clássico de Rita Lee.

Falcão e Chorão, figuras importantes do rock nacional dos anos 90, cantam juntos no show do Charlie Brown Jr.
Falcão e Chorão: ícones incontestáveis do rock brasileiro dos anos 90 (Foto/YouTube)

Será, então, que rock brasileiro morreu nos anos 90? A resposta só pode ser uma: o rock nunca esteve em crise… o rock é a crise! No texto de hoje, você relembra o talento e celebra a importância de uma galera que fez músicas atemporais.

Top 10 bandas de rock nacional dos anos 90

O rock nacional dos anos 90 foi irreverente e visceral, bem como repleto de nomes carismáticos. Além disso, o talento individual de alguns músicos também é um ponto notável. A seguir, você confere algumas bandas que realmente marcaram época.

Chico Science e Nação Zumbi

Se nos anos 80 os artistas buscavam inspiração no som que rolava nos Estados Unidos ou na Europa, a geração dos anos 90 prestou mais atenção nas sonoridades típicas da América Latina – sobretudo os ritmos brasileiros. Neste contexto inovador surgiu a banda Chico Science e Nação Zumbi, diretamente de Pernambuco, que equalizou a fúria das guitarras com as batidas de maracatu, samba e hip hop. Por suas vezes, as letras abordavam as mazelas de uma sociedade esmagada entre a evolução tecnológica e a pobreza do terceiro mundo.

Ao lado do Mundo Livre S/A, a Nação inaugurou o manguebeat, movimento de contracultura que critica o descaso econômico-social que emoldura o mangue. Depois de dois ótimos discos, Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996), música em trilha de novela e clipes bombando na MTV, a banda encarou a perda prematura de seu mentor intelectual: o vocalista e compositor Chico Science morreu em um acidente de carro, em 1997. Felizmente, o grupo soube se reerguer e continua na ativa, sob a liderança de Jorge Du Peixe.

Raimundos

Surgida em 1987, a banda brasiliense passou por idas e vindas até entrar para a prateleira de cima do rock nacional. Com bastante maestria, os caras misturavam ritmos nordestinos com punk e hard core. No começo da carreira, as letras eram debochadas, bem humoradas e cheias de palavrões.

O homônimo disco de estreia dos Raimundos foi lançado em 1994. Até a saída do vocalista Rodolfo Abrantes, em 2001, o grupo lançou mais cinco álbuns de estúdio e um ao vivo. Naqueles tempos, ninguém superava a força que o grupo mostrava nos palcos.

Com a saída de Rodolfo, o guitarrista Digão assumiu os vocais. Em 2006, o batera Fred também tirou o time de campo e só voltou para uma turnê comemorativa, em 2019. Outro membro fundador que voltou a tocar com a banda é o baixista Canisso. Por mais que não tenham a mesma popularidade de antes, os Raimundos continuam na ativa como sempre foram, isto é, fazendo um som que caminha de acordo com suas próprias convicções.

O Rappa

Surgido no Rio de Janeiro, em 1992, O Rappa apresentou em sua formação os músicos que acompanharam o cantor de reggae Papa Winnie, em uma turnê pelo Brasil, mais o vocalista Marcelo Falcão. A banda ficou conhecida por suas letras de forte cunho social em uma mescla de rock, reggae e rap.

A projeção nacional veio com o segundo disco, Rappa Mundi, lançado em 1996, mas só arrebentou a boca do balão com o álbum seguinte, o aclamado Lado B Lado A, que chegou ao mercado em 1999. Com a trilogia Me Deixa, A Minha Alma e O Que Sobrou do Céu, o registrou apresentou músicas e clipes que despertaram o pensamento crítico e existencialista. Nem todo ainda soube entender a mensagem, mas, felizmente, ainda dá tempo 😉

Em 2017, O Rappa começou a anunciada pausa nas atividades. As férias, que não têm data para acabar, foram motivadas por uma série de divergências entre os membros da banda.

Skank – o charme pop no rock nacional dos anos 90

A história do Skank começa em 1983, ainda com o nome de Pouso Alto. Dando um salto para 1991, a gente chega na época em que a banda mineira mudou de nome, definiu a formação e começou a ajudar a moldar o pop rock que marcou toda uma geração.

Ao longo de praticamente 30 anos, o Skank sempre se adaptou às mudanças da indústria. Como poucos no cenário, o grupo aproveitou o respaldo da MTV, e viveu o último período dourado das grandes gravadoras. Além da madura visão mercadológica, o quarteto sempre inovou e ousou nas sonoridades. Para 2021, Samuel, Haroldo, Henrique e Lelo já agendaram uma pausa nas atividades da banda.

Mamonas Assassinas

Em outubro de 1994, uma banda independente lá de Guarulhos (SP) decidiu mudar de nome e de rumos artísticos. A seriedade do grupo Utopia saiu de cena para dar lugar à irreverência dos Mamonas Assassinas. Gravaram um único disco, lançado em junho 1995, venderam mais de dois milhões de cópias, e garantiram o primeiro lugar na audiência de quase todos os programas da TV brasileira.

Infelizmente, quis o destino, que a carreira dos Mamonas durasse apenas 1 ano e meio. Naquele fatídico domingo, 2 de março de 1996, o Brasil acordou com a notícia sobre o acidente aéreo que resultou na morte de todos os membros da banda e da tripulação. Ah, o cometa da alegria… Durante uma época de pouca visibilidade de artistas de pop rock nos meios de comunicação mais populares, os Mamonas apareceram promovendo a conexão rock + humor e deram uma sacudida no cenário.

Charlie Brown – pura poesia no rock nacional dos anos 90

Em 1992, “os caras do Charlie Brown invadiram a cidade” de Santos (SP). Formada por músicos donos de técnica exuberante e cheios de atitude, a banda apresentou uma sonoridade agressiva, pesada visceral. Além disso, as letras do CBJR eram cheias de frases que ilustravam os anseios e vontades da juventude.

A projeção nacional, no entanto, rolou em 1997, com o lançamento de Transpiração Continua e Prolongada, o aclamado disco de estreia do quinteto. Até 2013, o Charlie Brown Jr. lançou 10 discos de estúdio, 3 trabalhos ao vivo e 5 coletâneas. Com o leque de referências sempre aberto, a banda soube temperar seu som com elementos de reggae, ska, rap, rock e hard core.

No dia 6 de março de 2013, uma overdose levou a vida do carismático vocalista Chorão. Seis meses após a morte do marginal alado do rock, o baixista Champignon cometeu suicídio. Por mais que alguns remanescentes façam shows pontuais, nunca mais veremos o Charlie Brown que fez a diferença no rock nacional dos anos 90.

Planet Hemp

A história do Planet Hemp começou em algum momento do começo dos anos 90, no bairro do Catete, Rio de Janeiro, a partir do encontro de Marcelo D2 e Skunk. Como nenhum dos dois sabia tocar instrumentos musicais, optaram por fazerem rap.

Na sequência, Rafael Crespo (guitarra), Bacalhau (bateria) e Formigão (baixo) entraram pro bonde e, já como quinteto, os caras criaram um ritmo original, batizado “Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga”, devido à mescla entre a psicodelia das guitarras, o rap dos vocais e diversas outras influências musicais. Por mais que apresentasse um som criativo, o grupo ganhou mais fama por defender a legalização da maconha, posicionamento este que rendeu acusações de fazer apologia ao uso da erva, entre outras divergências.

O Planet saiu de cena em 2001. Entre 2003 e 2016, no entanto, a banda fez alguns shows pontuais. Atualmente, o grupo prepara um disco de inéditas. Será que as rimas de D2 estarão mais afiadas do que nunca?

Cássia Eller – atitude feminina no rock nacional dos anos 90

Carioca de berço, mas mineira e brasiliense por adoção, Cássia Eller perambulou pela cena independente entre os anos de 1981 a 1990, quando gravou seu disco de estreia. Com sua voz de contralto, rasgada, impactante e inconfundível, a artista chegou para mostrar que nem só da Rainha Rita Lee vive o rock nacional.

Em vida, ela lançou cinco discos de estúdio e três ao vivo. Dona de uma trajetória artística curta, porém intensa e cheia de bons frutos, Cássia morreu ao cair da noite daquele fatídico dia 29 de dezembro de 2001. A roqueira contava apenas 39 anos e vivia o auge da carreira. Apesar das suspeitas de overdose, já que a cantora fez uso de álcool e cocaína por muitos anos, a autópsia atestou que a morte foi causada por um infarto do miocárdio, resultante de sequenciais paradas cardiorrespiratórias.

Angra

“Mas por que uma banda de power metal e que canta em inglês está nesta lista?”, possivelmente questiona o amigo leitor. Acontece, porém, que a sonoridade da banda sempre dialogou com a musicalidade brasileira! Além do mais, uma matéria sobre rock não pode fechar as portas para a turma da camisa preta, né?

Surgida em 1991, em São Paulo, a banda Angra nasceu a partir de uma ousada intenção de Andre Matos e Rafael Bittencourt, até então estudantes de música na Faculdade Santa Marcelina. Os dois tiveram a inovadora ideia de conectar a agressividade do heavy metal com ritmos étnicos brasileiros e um pouco de música erudita.

De lá pra cá, incluindo morte de membro original, perrengues e troca de integrantes, muita coisa rolou na carreira do Angra. Apesar dos pesares, e contrariando as previsões negativas, o grupo continua mostrando seu metal “tupiportoguaranifricano” ao redor do mundo.

Los Hermanos

No finalzinho da década, mais precisamente no de 1997, uma banda formada por estudantes da PUC-Rio chegou para dar uma sacudida no rock nacional dos anos 90. Nesse sentido, os caras acenaram com uma proposta que contrapunha o peso do hardcore com a poesia das letras sobre o amor. Em 1999, já com um som azeitado com doses de samba, ska e pop rock, os Los Hermanos lançaram o homônimo disco de estreia.

Não demorou muito para que o o até então desconhecido grupo começasse a tocar para plateias lotadas, seja nas festas agropecuárias, nos estádios de futebol ou nas praças públicas. A galera comprou a ideia dos caras, que entrou nos anos 2000 como expoente de toda uma geração.

Em 2007, e em pleno auge, a banda decidiu dar um tempo nas atividades. A partir de 2009, no entanto, os Hermanos começaram com as folclóricas reuniões esporádicas. Muita gente diz que essas eventuais turnês não passam de oportunismo. Em contrapartida, os ingressos se esgotam em questão de horas.

Por fim, que tal ajudar a fortalecer o legado do rock nacional dos anos 90? É bem simples, basta compartilhar este post nos seus grupos de WhatsApp, Telegram e redes sociais, sempre marcando a galera que curte cultura pop em geral!

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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