Tem o casaco um remendo O rasgo, esse já tem cura Basta pensar em sustento E a coisa muda de figura Jogamos em tantas frentes E a vida nem cai nem segura Mesmo andando calçados Pisamos a pedra mais dura Já lá vai muito tempo Que deixa a vida correr Também quase nasce entre os escombros Tem tão pouco por onde escolher E não há quem nos acuda e nos diga O que há a fazer Quanto mais fundo nós vamos Mais fundo nos querem meter Lá na cidade do pau No bairro do rés do chão A gente vai empenhado A alma e o coração Tem no olhar o desejo profundo Do que sonha ter E tem no rosto o diário da vida Escrito a doer As duas mãos côncavas de desejo Desejo de ter Algum futuro mais certo e mais nobre Que esperar e morrer Lá na cidade do pau No bairro do rés do chão A gente vai empenhando A alma e o coração