Parei de gritar por dentro Só pra ver se o mundo ouvia Mas silêncio também dói Só não deixa marca na superfície fria Me enrolo no que me resta Faço abrigo com medo e disfarce Aqui dentro ninguém entra Mas nem eu sei mais como se parte Fechei o mundo por dentro Não por coragem, por medo Se eu abrir, vem a queda Se eu ficar, perco o enredo Tô presa no meu casulo Não por escolha, por exaustão Tô segura do mundo lá fora Mas morrendo na minha contenção Tô presa no meu casulo Onde o tempo não tem lei Se um dia eu virar borboleta Nem sei se ainda serei Ouço vozes do lado de fora Mas elas vêm com cobrança Me pedem força, beleza, leveza Mas não sabem o peso da esperança Aqui é escuro, mas é meu Aqui não sorrio, mas não finjo Se lá fora o voo é queda Prefiro o medo onde ainda existo Não é proteção, é prisão com cortina Mas até o medo tem sua rotina Se me puxarem agora, eu quebro Se esperarem, talvez eu me liberte inteira Tô presa no meu casulo Tecendo silêncio com dor Não me peça pressa, nem cor Isso aqui é metamorfose, não favor Tô presa no meu casulo Sem forma, sem destino Talvez eu saia voando Ou talvez morra aqui E fique só o feminino Não me toque ainda Não me ilumine A flor também dorme antes de abrir E isso também é vida (É mais suave, como se fosse libertação) Casulo não é covardia É só o espaço entre mim e o que esperam E se eu sair um dia Não será pra agradar quem me ferra