E essa é do Carlos Nascimento Alô construção civil Sol na pele, cimento nos pés O pedreiro ergue muros, mas também sonhos além Cada tijolo um verso, suor no papel A vida escreve em poeira, ele lê no amanhecer Mãos calejadas, histórias pra contar No ritmo da britadeira, o samba vai ecoar Tábuas do destino, marteladas de dor Mas no compasso da rua, encontra seu amor Ê, camarada, levanta o poema de concreto A cidade é tua canção, o trabalho teu soneto Ninguém apaga teu riso, teu gingado de herói Samba-rock na veia, o morro faz coreografia pra tu Ê, camarada, a vida te fez poeta Cada andar que constrói é uma estrofe completa O sol queima a lona, mas não queima tua fé Pedreiro-artista, a arte nasce da fé Calçada é palco, prumo é vocal O sangue no cimento vira nota musical Contra o ritmo do mundo, ele dança e refaz A pirâmide social com compasso de maracatu Seu varal de esperanças balança no vento Cada laje assentada é um verso ao tempo Favela monumento, colina de asfalto Onde brota resistência no último tijolo Ê, camarada, levanta o poema de concreto A cidade é tua canção, o trabalho teu soneto Ninguém apaga teu riso, teu gingado de herói Samba-rock na veia, o morro faz coreografia pra tu Ê, camarada, a vida te fez poeta Cada andar que constrói é uma estrofe completa O sol queima a lona, mas não queima tua fé Pedreiro-artista, a arte nasce da fé