Grande tiroteio mortos na boite E uma tal de Valentina viu do palco a cena O balconista numa poça de sangue Gritou: Oh! Meus Deus, mas que grande chacina Essa é a história do Furacão Que a justiça errou na decisão Por algo que ele nunca fez E na prisão espera a vez de ser um grande campeão E no meio desta noite lá pros lados do mercado Ruy Pancada circulava com dois caras da pesada Ele uma promessa de ser grande boxeur Não tinha idéia da grande merda que estava pra pintar Quando um tira fez sinal pra encostar Como é comum e comum sempre será Naquela zona as coisas são assim Se você é negro é melhor não se mostrar saindo por aí Muito menos discutir Alfredo Belo tinha um sócio com uma ficha premiada Ele e Aldo "Dedos" Barros estavam lá se divertindo Eu vi três caras correndo Os três de estatura mediana Pularam pra dentro de um carro cupê do tipo bacana Pra Valentina foi assim que ocorreu Disse o tira: "Dá um tempo. Esse aqui não morreu!" Então levaram o cara pro hospital E apesar de estar na reta final Fizeram ele jurar que do culpado ele ia se lembrar No meio da noite trouxeram o Ruy Adentro pelo hospital Subindo degrau por degrau E o cara ferido olhou pelo olho que sobrou E disse: "Quem é esse daí? Não foi ele quem matou!" Essa é a história do Furacão Que a justiça errou na decisão Por algo que ele nunca fez E na prisão espera a vez de ser um grande campeão O tempo fez o subúrbio ferver O Ruy foi viajar Seu boxer defender Enquanto o Aldo "Dedos" Barros continuava roubando E os tiras caçando alguém pra culpar Lembra do crime que pintou no bar Lembra que você viu aquele carro escapar Você tá pensando que vai nos enrolar Veja bem eu vou lhe ser franco Lembra que você é um branco Depois que "Dedos" Barros disse "Não estou muito certo" O tira disse "OK"!!! Rapaz esperto Vamos atrás do outro o tal do Alfredo Belo Se ele não quiser voltar pra cana ele vai soltar o lero, é claro Vocês estão fazendo um bem pra sociedade Aquele escroto continua em liberdade Eu quero ver ele de molho Com dois mil anos de pena... pra descontar Não vamos vacilar Armaram uma cilda pensando em cada lance Montaram um grande circo e o juri não deu chance Um juiz tão respeitável não deixou que Ruy falasse Pros brancos e jurados era um sujo subversivo Desse jeito se destrói uma vida Nas mãos de quem só alimenta a ferida Levar a vida por um triz E ser comido pelo fogo Vivendo num país aonde a vida é um mero jogo E os criminosos de terno e gravata Curtindo a boa vida de boca na mamata Deixaram um inocente apodrecer na cela E o frio trazer a noite que gela Essa é a história do Furacão Que a justiça errou na decisão Por algo que ele nunca fez E na prisão espera a vez de ser um grande campeão