Na boca da queima, há um grito sentido E a mão que incendeia não pede perdão Nem ouve os gemidos dos lírios feridos E o choro de morte no verde do chão A fumaça se ergue em negra romaria O campo se veste cor dos temporais As chamas se afundam pelas sesmarias Vermelhas manadas de chucros baguais É campo queimando, vai perdendo o "pelo" E a mão que incendeia não pede perdão Nem ouve os gemidos dos lírios queimados, E o choro de morte no luto do chão Agoniza o campo num manto de fogo E um negro sudário se estende no chão E um pássaro clama, em tristes lamentos O filho no ninho, ainda embrião É hora do homem parar de agredir Ou gerações futuras serão caravanas errantes Condenadas a morte na fome Numa terra que não vai parir