As linhas do papel almaço não agüentaram a maldição da carta-resposta Que grassa naquela casa onde seus habitantes vêem-se impedidos Por forças terríveis, ocultas, no cumprimento da mais elementar lei de retorno, ação e reação, Ou seja: a retribuenda a um velho amigo de notícias urgentes sobre sua terra natal. E a carta não ia, o papel branco já se constrangia. Muito cansado da humilhação, mandou embora as filhas. Mandou embora as linhas. Que tivessem mais sorte noutro lugar. Em outro lugar teriam serventia. Enclausuraram-se as linhas na gaveta da escrivaninha. Renunciaram à sua condição pautada pra enrolarem-se em carretéis e agulhas. Na casa agora com letras faz-se bainhas, com linhas remenda-se versos a fio. Um poema é alta costura.