Nem sempre o piano é só um móvel esquecido no canto da sala Servindo de estante ao porta-retrato De onde você me olha, de onde você repete Sempre as últimas palavras Não é toda hora que vejo a nossa varanda enluarada A cadeira de vime onde a gente sentava No silêncio da noite a gente conversava Até raiar a rosa da alvorada O piano carrega a tristeza de amores perdidos E acende a esperança dos novos bem vindos Momentos negros e claros convivem no teclado Por isso é que eu canto e não quero parar Apesar da angústia, apesar da tristeza Apesar do silêncio ao redor desta mesa Que outrora era alegre, quando você estava A vida era música e a gente dançava