Podes passar noites, madrugadas Sobre as mil folhas peladas de um poema Que já não deves dedicar a mim Ou podes entender que nove foras tu me deste Nunca fim É tão vizinho ao teu mundo onde moro Que tens à beira dos teus poros Minha respiração Cairás exausto nos meus braços No primeiro dos teus passos Que tropece em tanta solidão Se o poeta vive do que chora Podes explorar agora a tua mágoa E se tornar um gigolô da dor Ou podes perdoar os nove foras que meu laço Te causou Feres com tuas palavras mordazes E sempre eu que faço as pazes E peço perdão Gostas de me ter quase ao teu lado Mas não toleras quando invado Por descuido o lábio em tua mão Tens um só receio lá no fundo Que algum dia eu te sequestre um segundo Do colo mais seguro da canção Podes perceber que noves fora nada Sobra eu