Meu pai morreu com um sonho que eu nasci Viver do som que faz, eu só peguei pra mim, tanto faz Nem lembro mais, em frente Se bem que o que eu plantei, cantei Virou sonho de tanta gente Pelo mundo, pela rima Me vi lá em baixo, "memo" tando cantando, lá em cima Emocionado eu lembrei da ira Às vez falo do que vivi pro cêis parece mentira No meio dos fura, saca, tanta jura fraca, vida dura opaca Eu sei, provei da dor mais dura eu chorei rente à maca Conto triste de quebrada Ferida aberta pruma pluma incerta ao vento página virada Sem trocar a alma pelas palmas, jamais, calma fi Mais que nunca sei onde pisei e por quê de tá aqui Ei, zambi me mantenho Ofendo pretos que ainda são escravos E os branco que quer ser senhor de engenho Eu rodo o mundo, mas eu volto Vila Zilda, Corisco, São João Papel, caneta e coração Papel, caneta e coração Pros moleque que sonha com isso, é nóiz Desde o começo a minha sugestão É ser, papel, caneta e coração Papel, caneta e coração E asas de avião, irmão Foi quarto de despejo, ensejo, depressão Firmeza! Tuche na mesa, os verme é moda Pra mim sem preço ter meus mano do começo Num estúdio mais foda Dádiva, parça, corre a lágrima disfarça E o tempo passa, lembrando Meu mano Willian, morreu sonhando Com a porra de dum Boot desses Que hoje a Nike manda de graça Meu bonde queria fumar maconha Comer boceta, ouvindo os rap Mais pesado do planeta Quando ostentar era uma fugueta Era mais fácil ter 200 mano Do que um cano numa treta Eu cresci com os ladrão bom, neguim Jurei voltar maior, e eles me diz: "Cê fez 'certin' " As Carta tudo fala assim Pega seu microfone e sobe lá, vai mata a fome igual "Betin" Eu rodo o mundo mais eu volto Cachoeira, 12, Nova Galvão, eu sou Papel, caneta e coração Papel, caneta e coração Pros moleque que sonha com isso, é nóiz Desde o começo a minha sugestão É ser, papel, caneta e coração Papel, caneta e coração Nunca, nunca menos do que isso!