Tudo começou na sexta-feira treze Paranaense grávida de nove meses Dando luz numa cidade que não acolheu Mais um sagitariano veio ao mundo Uma alma livre presa quase que no fundo De uma monogamia que não se entendia mais Olhos castanhos e o cabelo arrepiado Uma marca de nascença na nuca estampado E o rosto não gerava dúvida de quem era o pai Por meia dúzia de anos bem criado Até ter que trocar os pais por advogados E decidir pra um juiz com quem iria ficar Dos seis aos doze sofreu bullying na escola Por idiotas com reflexos de casa Com pais que usam o Facebook pra mimimizar Aos quinze anos arranjou uma namorada Que construiu na sua cabeça alguns traumas E ainda teve a coragem para lhe dizer Bem-vindo ao mundo real Você vai ter que se virar Bem-vindo ao mundo real Não tem ninguém pra te abraçar Ele se trancou no quarto com a guitarra Tocando por dez horas sem ter uma pausa Exceto com sua avó se preocupando com que ele ia comer Aos dezoito anos teve que alistar E os soldados o chamaram de bichinha Porque não quis ficar e varrer o chão do general Ele alegava sempre que está tudo ok Que muita gente suspeitava que ele fosse gay Mas a verdade é que ele não ligava pra orientação Dos dezenove aos vinte e três fez faculdade Por falta de opção escolheu pelo marketing E a professora mônica falou algo que o relembrou Bem-vindo ao mundo real Você vai ter que se virar Bem-vindo ao mundo real Não tem ninguém pra te abraçar Depois de algumas relações veio a tóxica E uma tal de pandemia batendo à sua porta E alguns fakes na internet para o assombrar Aos vinte e quatro e meio resolveu recomeçar Botando um fim nos seus passados e poder focar Novos amores que ficaram pra uma outra canção Conheço o mundo real Sempre vou ter que me virar Conheço o mundo real Não tem ninguém pra me abraçar Bem-vindo ao mundo real Você vai ter que se virar Bem-vindo ao mundo real Não tem ninguém pra te abraçar