Posso escrever e não esconder
É a vantagem de estar ficando velho
Não tenho nada para impressionar
Nem por for nem por dentro

A noite insone vai cruzando o mar
Porque os sonhos viajam com o vento
E em minha janela assopra no vidro
Para vir se estou acordado

Me perdi em uma troca de palavras
Anotaram errado o endereço
Já gravei meu nome em uma bala
Já provei da bucha do canhão
Já tenho tudo sob controle
E alguém que disse não, não, não,não, não
Que agora vem o vento de outro lado
Deixa-me o leme
E alguém que disse não, não, não

O que não chegará ao final
Serão meus passos, não o caminho
Não vês que sempre vás atrás
Quando buscas ao destino

Sempre é a mão e não o punhal
Nunca é o que poderia ter sido
Não é porque você diz a verdade
É porque nunca me mentiu

Não vou me sentir mal
Se algo não me sair bem
Aprendi a derrapar
E a bater contra a parede
Que a vida se vai
Como a fumaça desse trem
Como um beijo em uma entrada
Antes de que conte dez

E não voltarei a me sentir extranho
Embora não me chegue a conhecer
E não voltarei a te querer tanto
E não voltarei a deixar de te querer
Deixei de voar me afundei na lama
E entre tanta lama eu encontrei
Algo de calor sem teus abraços
Agora sei que nunca voltarei