Qual é a nossa narrativa, afinal? Filhos presos Uma geração hipotecada Não (nanananana) Eu não quero isso Nós respeitamos a música Pra pudermos fazer dela um instrumento, uma arma [?], foge em cana Pega na tua cana e pesca Sem receita a gente acerta Faz a cama em que te deitas Não há anjos nem demónios que travem a nossa bênção Muitos tentam inverter o percurso, mas não acertam O teu espelho tá partido, não reflete nada disso É um misto de vícios que prara ti não é propício Desde o inicio, lá nos becos estreitos dos nossos guetos São o reflexo dos meus erros, a imagem dos meus acertos Não lamento ausências, meu mano, eu brindo presenças A educação é o prato principal na minha mesa Com leveza enfrento sem estereótipos Equilibro a life para os amigos fictícios (fake) A arte é o espelho e crónica da minha época Hoje tenho réplicas idênticas à tua época Vitória com glória, em memória de quem partiu Banda sonora e a história de quem nos viu Uma noite de emoção e a gente entrega o corpo Foge do emprego, dá trabalho depois de morto O ódio vive no mesmo bairro que tu pensas que te ama Reclamas de racismo e estragas toda a festa africana Vaidoso, preguiçoso, mais 20 e somos idosos Gozávamos o cota do lixo Hoje somos lixo dos cotas do gozo A sofrer de depressão, rodeados de campeões A levantar prémios de compensação No mesmo baile a decorar a mesma dança A dançar com a justiça e a engravidar a vingança À procura de um culpado, se não é o Estado é o passado Incomodado que se retire, ou que se inspire em ser esforçado Que mesmo com medo se atreve Escola não é praa todos, até os médicos fazem greve Conheço advogados do Estado mal pagos Justiça continua reservada a bolsos largos Espelho, espelho meu, te confesso Por vezes nem eu sei se eu mereço Será que já nascemos com defeito Ou se essa marca vem do berço Por vezes ponho-me a pensar (pensar) Será que há algo errado em mim? (Em mim) Será que Deus me fez assim? (Assim) Perguntas tenho sem fim A gente chora (chora) e a seguir esquece tudo A gente ora, mas depois estraga o mundo A gente peca (peca) e depois pede a Deus Queremos a terra, mas pedimos aos céus Diz-me, espelho meu, se temos cura Diz-me, espelho meu, se temos salvação Se a minha geração é rasca, será que algo se aproveita? Diz-me lá (Rahiz) Espelho, espelho meu, te confesso (confesso) Por vezes nem eu sei se eu mereço (mereço) Será que já nascemos com defeito Ou se essa marca vem do berço Por vezes ponho-me a pensar (pensar) Será que há algo errado em mim? (Em mim) Será que Deus me fez assim? (Assim) Perguntas tenho sem fim