Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama O menino se arruma, se despede do seu pai Ele quer ver a mocinha que do pensamento não sai O pai diz vai lá, meu fi, vê se não se ademore Nove hora teja em casa antes que sua mãe se apavore A mocinha já sabendo que o rapazote vem vindo Bota fita no cabelo põe seu vestido mais lindo Se debruça na janela, dá tchauzim e manda beijo Aí que deixa o rapaz suspirando de desejo Todo dia é a mesma coisa até que ele cria coragem Bate na porta da moça e escuta uma voz bem selvage Perguntando de dentro de casa: Quem é que tá no portão?! O rapaz morrendo de medo faz carreira e móia os calção A mocinha acha graça mas gostou da atitude Esse cabinha é corajoso Tomara que nunca mude Todo domingo na missa mais se olham do que rezam É o mior dia da semana tanto pra ele quanto pra ela Os dois morrem de vontade de ao menos se falar Mas falta oportunidade de sozinhos se encontrar Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama Zé Estênio tem uma ideia Resolve mandar um recado Vai diz Maria pra ela que com ela eu até me caso Natalícia fica contente mas tem medo da reação De seu pai Stanislaw de Madrinha de Ciço e de João Stanislaw lhe responde, diz pra esse cabrinha atrivido Que prepare um bom discuso que agrade bem meus ouvido Se vier com conversa feia Se eu ver que ele tem malícia Mando lhe dá uma corsa e nunca mais ele vê Natalícia Logo chega o grande dia Zé Estênio muito nervoso faz promessa ao Padim Ciço Ô, meu santim milagroso Me ajude a ganhar essa moça, é tudo o que eu lhe peço Prometo cantar no reizado, dançar fita e fazer verso Chegando na casa da moça, Stanislaw le recebe Diga o que ocê pretende com a, minha fia, fale não negue Zé Estênio logo responde: É a mior das intenção Quero casar com sua fia, ó meu senhor me dê sua mão Trabalho duro na roça caçando e vendendo pequí E sou mior mestre de reizado que nasceu no Cariri A minha fita incandeia, a minha voz é mais potente E tenho todas as codição: Sou honesto, honroso e valente Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Reclama a moça que não acha um casamento E ao mesmo tempo o rapaz também reclama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama Só peço a Deus que me dê felicidade Pra eu amar um coração que me ama Até que gostei da conversa seu moço, mas tome cuidado O que ocê tá me pedindo é um assunto bem delicado Pois eu lhe faço um desafio: Invente uma rima agora Se errar só uma palavra pode dar as costas, pode ir embora Zé Estênio sem dá nem tempo de Stanislaw terminar Fala: Rima que rima, rima e rima é pra se rimar Eu rimo pois tenho rima, rimo com o que eu quiser Rimo inté com sua fia que vai ser minha muié Stanislaw convencido diz: Vou lhe dar permissão Pode marcar casamento que eu lhe dou a minha benção E esse reclame de amor é uma história inventada Inpirada no meu tio avô e nos filhos da chapada Que um dia ouvir cantar com a voz rouca já cansada No canto da sua casa onde nosso senhor já faz morada Natalícia não mais reclama pois achou seu casamento Reclama hoje da saudade do amado tio Zé Estênio Zé Estênio a sua arte jamais será esquecida Pois carrego o seu violão e prossigo sua cantiga