Carqueja, curandeira pra uns E daninha pra os outros Em qualquer lado que eu vá Carqueja que eu faço a vassoura E que bebo o meu chá Carqueja que vem dessa terra bem antes da gente Que andaste pelas mãos charruas e velhos ervais De natureza nua e crua muito diferente Da terra que anda correndo e não descansa mais Me fala como é carqueja ser sobrevivente Num campo que agora cresce diferente Aos olhos dos "home" e dos seus animais Arbusto nativo que tem por guarida As verdes coxilhas dos pampas abertos Onde pasta o gado e o rebanho ovino E o touro brasino domina por certo Nos dias de inverno já deste guarida Pra ovelha parida nas tardes de frio Quebrando minuano ou vento pampero Que sopra altanero com chuva ou estio Vassoura campeira de grande valor Pra o trabalhador ajeitar a fazenda Ou mesmo a pessoa que varre solita Aguardando a visita que o abraço encomenda Carqueja do campo te presto a homenagem Ao ver na paisagem teu verde esplendor E o dia em que o vento se tornar só brisa E eu vire apenas o que tu precisa Me tornando paz, luz e cinza Estarei em ti depois que eu me for Carqueja que amarga a erva nos mates que ceva Amanunciando o pensamento do homem rural Dos altiplanos friorentos do sul dessas serras Às pradarias da campanha e da banda oriental Pensando cresço assim Carqueja trançado no arame Pra escapar dos cascos de algum infame Mas enrarizado nesse pastiçal