Eu vou sozinho com a minha sorte
A levarei na minha memória
Debaixo de uma árvore alfarrobeira centenária
Um lenço cortava o ar
Dançando uma velha zamba
Eu entregava a ela os meus sonhos

O sol queimava de tarde
Silhuetas que pareciam
Fantasmas amarelados
Cheios de terra e vida
E eu, rendido aos teus olhos
Sentindo que você me amava

Ai, perfume de carnaval
Jamais vou te esquecer
Sua pele carregava o aroma
De flor e terra molhada
Belas lembranças que sempre
Guardo dentro da alma

Existem tempos que permaneceram
Onde perdi meus sonhos
Quem sabe se ela se lembra
De um velho mês de fevereiro
E daquela dança no campo
E do meu verdadeiro amor

Não quis dizer nada a ela
A amei em silêncio naquela tarde
E sobre suas tranças negras
Deixei minha canção sentida
Fui embora levando seus olhos
Numa quarta-feira de cinzas

Ai, perfume de carnaval
Jamais vou te esquecer
Sua pele carregava o aroma
De flor e terra molhada
Belas lembranças que sempre
Guardo dentro da alma