Um par de tranças que tenho na palma firme da mão Define trancos e trotes pela melhor direção São tranças fortes sovadas de tanto uso e distância Das léguas lhe fez da estrada a sesmarias da estância As rédeas fazem meu rumo em cada brete ou rincão Renegam quem vai ao vento pois sabem bem onde vão As rédeas não tem cansaço do braço são a extensão E no pior sofrenasso sustentam o meu tirão As rédeas nunca envelhecem se são cuidadas com zelo São trastes que não se esquecem nos paços dos meus sinuelos São rédeas frouxas nos sonhos bem firmes nos pesadelos Não fazem causos do tempo marcado nos meus cabelos Se tenho as rédeas da vida não temo nem boi-tátá Se perco as rédeas me esquivo me cuido até pra pensar Eu tranço as rédeas do mundo a meu gosto e precisão E mesmo assim não consigo por rédeas no coração Tem outras rédeas sem tranças as minhas são bem trançadas Cada tento é uma esperança que somei pelas volteadas Mas este amor caborteiro que as vezes me racha ao meio Não tem rumo não tem rédea não tem argola nem freio As rédeas nunca envelhecem se são cuidadas com zelo São trastes que não se esquecem nos paços dos meus sinuelos São rédeas frouxas nos sonhos bem firmes nos pesadelos Não fazem causos do tempo marcado nos meus cabelos