Nunca saltei de paraquedas nem trilhei o sertão Disse talvez amanhã e ficou só na intenção Nunca subi num palco nunca gritei pra valer Com medo de errar escolhi me esconder Nunca larguei o trampo que me sugava aos poucos Achando que um salário pagava todos os outros Nunca fui embora nunca mudei de lugar Com medo do novo preferi me calar Nunca pintei escrevi ou me deixei falar Com medo do olhar alheio me julgar Vivi na superfície nunca fui mais fundo Só mais um entre tantos perdido no mundo Quantas coisas eu deixei pra depois E o depois nunca veio ficou pra depois Tantas chances tantos dias tanta lida Mas fui refém da vida não vivida Nunca disse não quando era o que eu sentia Engoli sapos sorri pra hipocrisia Nunca segui o curso que me dava paixão Diziam isso não dá prestígio nem profissão Nunca questionei nunca bati de frente Fui peça no sistema igual a toda essa gente Nunca tirei um tempo só pra me escutar Vivia cansado sem tempo pra parar Nunca dormi sob as estrelas nem vi o mar aberto Ficava em casa achando seguro e certo Nunca ousei sonhar alto nunca fui destemido Hoje eu vejo vivi mas fui contido Quantas coisas eu deixei pra depois E o depois nunca veio ficou pra depois Tantas chances tantos dias tanta lida Mas fui refém da vida não vivida Quantas coisas eu deixei pra depois E o depois nunca veio ficou pra depois Tantas chances tantos dias tanta lida Mas fui refém da vida não vivida Me diziam vai e eu ficava Com medo de cair minha vontade calava Assisti à vida passar da janela Enquanto o mundo voava eu via novela Nunca aprendi a andar de bike nem skate Fugia do rolê clicava em descurtir no feed Nunca estive inteiro onde era essencial Vivendo preso no futuro irreal Hoje entendo o medo é cela invisível Sem chave sem grade mas totalmente temível Ele te prende nas escolhas que tu não faz E quando acorda não volta mais Quantas coisas eu deixei pra depois E o depois nunca veio ficou pra depois Tantas chances tantos dias tanta lida Mas fui refém da vida não vivida