Tive uma que falava com calma e dor Tinha o olhar cansado, mas cheio de amor Carregava o mundo num passo leve E me mostrou que o silêncio também escreve Partiu sem culpa, sem me avisar Mas o vazio dela ainda quer ficar Teve uma que era pura confusão Metade carinho, metade explosão Ria alto, chorava baixinho E eu me perdi tentando ser caminho No fim, só restou o som da voz E a lembrança do que nunca foi nós Outra chegou com cheiro de vinho Trazia no riso um pouco de espinho Falava bonito, mentia bonito E me fez acreditar no infinito Foi amor breve, mas intenso Que ainda queima, mesmo no silêncio Tinha uma que era fé em pessoa Luz discreta, presença boa Falava pouco, mas me acalmava Mesmo distante, me encontrava Com ela aprendi sem promessa Que amor real nunca se apressa Uma me amou sem pedir retorno Cuidou de mim sem nenhum contorno Fez do carinho o seu idioma E foi embora antes da soma Mas no peito ficou a noção De que amor também é doação E teve uma que chegou no fim Quando eu jurava que era o fim de mim Não perguntou, só ficou E no silêncio, me escutou Não trouxe luz, mas acendeu chama E me ensinou o que o tempo ama Cada uma foi verso, lição, batida Marcaram minha alma, moldaram minha vida Algumas foram dor, outras poesia Mas todas deixaram parte da minha melodia Cada uma foi verso, lembrança, ferida Linha que costura o tecido da vida Algumas ficaram, outras se vão Mas todas deixaram parte da canção