Eu venho do ventre da história e carrego no arreio A poeira das tropas e o sal do suor dos cavalos Eu sei qual a rês que atropela ao olhar pro rodeio Que o tino de campo e a experiência me vêm de regalo Eu venho da estância jesuíta do gado franqueiro Da infância da velha querência, levada a trompaço Do tempo que o lombo da terra não tinha potreiros E tudo o que nos disparasse voltava no laço Eu venho do ermo da pampa, das rondas campeiras Das velhas carretas que foram cansando na estrada E a terra que o tempo recorta e que chamam fronteira É o lar que conheço, onde a alma eu conservo plantada Viemos ao tranco do flete, gastando as esporas Timbrando, com o sangue das guerras, brasões e ideais O antes nos traz apartados aos tempos do agora Três homens, sotaques distintos, com almas iguais Em nome do Pai que abençoa a paisagem dos campos Eu trago os pessuelos lotados de vida e de paz Se trilho no escuro, ele acende pra mim, pirilampos E o tempo do ódio e das guerras ficou para trás Em nome do Filho que foi um tropeiro de almas Reponto a bondade que segue em sua marcha serena Um sino de bronze, em meu peito, não cala ou acalma Pois nele, marcada com fogo, há uma Cruz de Lorena Em nome do Espírito Santo que, em mim, se derrama Ungido com a água da chuva, eu tiro o chapéu Batismo da fé que me vem de raiz para as ramas Na pampa que eu miro estendida, chegando no céu Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo Viemos por três corredores num sonho comum Gargantas que cantam unidas e inspiram seu canto Em Deus que divide-se em três sem deixar de ser um Em Deus que divide-se em três sem deixar de ser um Em Deus que divide-se em três sem deixar de ser um