Sabe aqueles dias que a gente acorda apreensivo, nervoso Sem saber o que incomoda Cabeça distante, pescoço na corda Pensando em tudo aquilo que não concorda Discursos dementes, discussões doentes Razões e achismos, abismos de ismos " Bandeiras de acasos e pensamentos rasos Verdades de papel, educação a granel Hashtags ideológicas, lógicas utilitárias Uma nação dividida entre espertas e otárias A fé excludente, a mente bovina A felicidade enlatada, branca como cocaína Histeria coletiva, decisiva postura Modismos, entretenimentos, disfarçados de cultura As poses e os sorrisos Narcisos sem espelhos Hipocrisias inflamadas cheias de conselhos Podes crer Eu sei que estou falando um monte de bobagem E que a vera nada disso é realidade Você se coça como um cão sarnento, com vontade Mas quem te fere é a unha podre da maldade Podes crer, que sacanagem Podes crer, que sacanagem Todo mundo exige condições decentes Que sejam justos, honestos e eficientes Mas na primeira chance passam na sua frente Só os direitos, sem deveres, pra ficarem contentes Inversão de valores, tomam as dores A falsa democracia, maldita meritocracia Imposição partidária, atitude ordinária Lições de ódio, replay do episódio Mundo paralelo O elo da solidão A terra encantada onde todos tem razão Vida superficial. Essencial perigo Os olhos sempre voltados para o próprio umbigo Verdades maqueadas contadas sem medo Fatos distorcidos ganham novo enredo O chumbo trocado, o lado errado O certo incerto aguenta calado