Catalepsia, seu corpo adormecido sob a laje fria Catalepsia, pânico, dor e agonia O relógio biológico parou num instante No meio da sala você estirado num caixão elegante Escutando vozes e o choro da sua filha E elogios tardios de outros cidadãos Seria isso um sonho ou suas suspeitas foram confirmadas com razão Todo o calor que você sente agora vem das velas 7 dias Morto aparentemente no caixão, jaz o homem O velório à luz de velas mostra as pessoas num pálido salão Como se fossem ascas sentinelas, ouve-se choro Nota-se oração ao pranteado morto, duas janelas abertas Mostram a fria escuridão da noite com suas lúgubres sequelas Catalepsia, seu corpo adormecido sob a laje fria Catalepsia, pânico, dor e agonia A mente aflita e o corpo latente não comandam mais os membros inertes A cidade toda à espera do cortejo Todos os sinais abertos pro seu último passeio O féretro arrastado ao último leito A terra caindo sobre a madeira forte Você escutando vozes: Vá com Deus, descanse em paz Flores são jogadas e em pouco tempo quando o relógio voltar a funcionar O ar vai ser pouco e a noite já reinará E o coveiro já terá ido dormir, ninguém ouvirá seus gritos Catalepticamente dorme apenas o morto-vivo Inerte e sonolento, sente o fim sob o aroma das verbenas, escuta vozes Sem poder falar, mas é tarde demais pra quê lamento se só lhe resta o corpo a sepultar? Catalepsias, seu corpo adormecido sob a laje fria Catalepsia, pânico, dor e agonia