Eu sempre tive um costume E sempre fui criticado É um sistema do meu pai Que pra muito tá passado Saia do campo ou não saia Cavalo sempre encilhado Faca boa na cintura Smith cabo boleado A espora sempre no pé Só sai quando eu tiro a bota As vezes inté pra sestiar Costumo sestiar de espora Mas meu compadre me enxerga E me diz que eu sou louco Ou sou mal intencionado Ou então comi merda em novo Mas eu não dava importância Entra ali saía aqui Se o compadre é ignorante Pra que que eu vou discutir? Um dia era num domingo Pouco despos de clarear Eu tava estaqueando uma lonca Que terminei de lonquear Estaqueei na frente do rancho Pra livrar da cachorrada Quando eu vi vinha o compadre Numa égua malacara Confesso que quando eu vi Senti de perto o perigo Aquela égua se assustou Do couro já meio ardido Derrubou o meu compadre Que vinha desprevenido Saiu com a perna erguida E o pé enganchado no estribo A cachorrada pegando E ele fora dos bastos E a égua desparando Com o meu compadre de arrasto Mas eu saltei a cavalo Que estava pronto encilhado Corri uns 50 metro E atirei um assim de lado Eu só senti o estalo Foi quando a égua virou Pelo jeito que caiu Eu vi de até onde pelou Foi na volta da paleta E saiu no sangrador Eu me boleei de vereda Cortei o loro no meio Eu não sei se era Canister Mano Lima ou Coqueiro Eu só sei que a minha faca Corta inté o fio de cabelo Botei o compadre sentado Tava meio desmaiado Esperei recuperar Despos raiei, bem raiado Tu viu agora compadre Porque que eu ando armado Porque que eu ando de espora E com o cavalo encilhado O meu compadre chorou Me abraçou e eu abracei Eu confesso pra vocês Que eu também me emocionei Costume de tradição Só valoriza quem tem