Como num quadro campeiro De um tempo que já se foi Um estranho carreteiro Vai picaneando seus bois Mas é somente ilusão Para o sorriso dos outros O que é ofício e razão No olhar parado do louco Foi carreteiro o avô Seu pai, tropeiro e peão E retirante depois Já sem valia e sem chão Campanha, estrada e cidade Minguada changa dos días Carroça, frete, saudade Cacimba de almas vazias Por isso o louco que toca Bois de sonho na calçada É o mesmo avô que assim volta A cruzar léguas de estrada E é o mesmo pai que um dia Perdeu do olhar o seu brilho E em tropas de fantasia Compreende o ofício do filho