Morada humilde encravada na campanha Cercada ao fundo com cacimba e um pomar Rudes paredes levantadas com capricho Lugar pequeno que já foi um grande lar Gente tão simples quanto a vida que se vive Nessas lonjuras onde nem o tempo passa Mas que envelhece mais depressa no trabalho E vê, por vezes, a esperança tão escassa Filhos criados que se foram para o povo Tentar a sorte feito novos retirantes E que deixaram para trás seus velhos pais A ruminar dias felizes já distantes E como dói ver a saudade retratada Algum brinquedo que ficou sem serventia Ou no silêncio desses quartos tão vazios Onde também a nossa alma se esvazia A vida segue, é sempre assim, e o tempo cura Essas feridas que torturam sem matar E é escondido que se chora a solidão De quem cresceu acostumado a não chorar A velha sina de sofrer cala a revolta E a ilusão de um melhor tempo se desfaz Pois quem partiu a prometer que um dia volta Sabe que disse um adeus pra nunca mais