Teus telhados se derramam sobre o mar A ancorar junto ao teu leito, Portugal Desde a pedra onde eu saí a navegar A entender que tu estás dentro de mim Nesse azul do mar sem fim Que já não cabe em meu olhar Os castelos a vigiarem outro tempo E o vento, como sempre, a perguntar Silvando ao passar como um lamento Onde estás que te procuro e não te vejo Não há um rio maior que o Tejo Se é a saudade o sentimento? Quantas histórias no teu cais Nesse país em frente ao mar Somente uns poucos filhos voltarão Muitos se vão numa canção de nunca mais Tuas roupas são bandeiras nas janelas Parecem velas enfundadas pelo vento A buscar no oceano outra quimera E eu a regressar à velha infância Já não enxergo haver distância Entre quem sou e quem eu era Os amores são maiores do que a vida E eu me ponho outra vez a recordar O romance de uma pátria ali nascida E assim inesquecer Inês de Castro Meus olhos são navios pelo mar alto A navegar no horizonte em despedida