Quem vê uma ave pousada Nos galhos de uma figueira Não adivinha o milagre Que unirá carne e madeira Toda figueira foi pássaro Antes de ao chão agarrar-se Quais pontas de um mesmo laço Para o ciclo completar-se São destinos parecidos Mas, mesmo assim, diferentes Um no céu: Voo incontido Outro na terra que o prende Mas no refúgio da copa Emparceiraram-se os dois Porque a semente na boca Renasce em planta depois É a figueira que assim voa Pelos céus dentro da ave Para encontrar a terra boa Que lhe dará eternidade Poucos veem nesse abraço Numa paisagem campeira As raízes de uma ave E as asas de uma figueira