Faz tempo que eu deixei meu rancho lá no alto da colina O destino me chamou, dizendo: Vai, que a sorte ensina Mas sorte é bicho arisco, que corre e não dá carinho Troquei canto de sabiá, por buzina no caminho Lá deixei meu pé de ipê, minha viola e meu sossego Deixei cheiro de café, e um amor que era meu apego Hoje o vento me castiga, leva a poeira da lembrança E o peito bate doído, no compasso da esperança Coração na estrada de terra Querendo voltar pro sertão Saudade é laço que aperta E puxa o homem pelo chão No espelho do caminhão vejo a Lua me espiando Parece que ela pergunta: Até quando vai rodando? Eu respondo em pensamento, com a voz quase chorando Até o dia que eu puder ver meu amor me esperando Se a vida é uma estrada longa, meu rumo é pra onde ela vira Mas sei que o fim dessa trilha tem a porteira da vida E se Deus quiser um dia, quando o Sol fizer morada Eu volto pra minha terra, com a alma abençoada Coração na estrada de terra Querendo voltar pro sertão Saudade é laço que aperta E puxa o homem pelo chão